O economista Maílson da Nóbrega está mais otimista que a média do mercado financeiro em relação à retomada da economia brasileira. Enquanto analistas ouvidos pelo Banco Central preveem crescimento de 2% para o País em 2018, Maílson cita uma taxa de 2,8%.
Ontem, o Banco Central informou que seu Índice de Atividade (IBC-Br) fechou o segundo trimestre deste ano com expansão de 0,25%. Ex-ministro da Fazenda do governo de José Sarney e sócio da Tendências Consultoria Integrada, Maílson prevê a aceleração da retomada neste segundo semestre, principalmente pela recuperação do consumo. “Agora, um crescimento mais robusto só virá quando começarmos um novo ciclo de investimentos”, afirmou. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Está havendo uma retomada da economia?
Todos os indicadores de produção e renda sinalizam isso. É um ritmo lento, medíocre, mas é uma retomada. Além da influência da safra, da inflação caindo mais do que se esperava, o que tem aberto espaço para um ciclo de política monetária mais intenso do que qualquer analista projetava há alguns meses, temos bons indicadores antecedentes, como o despacho de papel ondulado, o tráfego nas estradas, o crescimento do crédito à pessoa física e a queda do desemprego formal. Assim, já se pode afirmar com razoável dose de convicção que a recessão ficou para trás.
A recuperação acelera no segundo semestre?
Tudo indica que sim, porque teremos também, neste contexto de melhoria da renda e do emprego, que são os motores do consumo, uma recuperação da confiança, com retomada do consumo via crédito. Nada brilhante. Isso acontece não porque existe um novo ciclo de investimentos, mas porque se aproveita a capacidade ociosa da economia. A indústria estava com mais de 30% de capacidade ociosa. Tudo indica que o crescimento se firma e acelera no segundo semestre. Talvez o País vire o ano já com crescimento em ritmo superior a 2%. Para 2018, a expectativa é de avanço de 2,8%. Mas um crescimento mais robusto só virá com um novo ciclo de investimentos.
O sr. está otimista?
Acho que sim, porque a inflação vai continuar abaixo da meta. Mesmo que o BC não reduza a taxa básica de juros no próximo ano e a mantenha em torno de 7%, a confiança vai continuar se recuperando. A parte mais relevante do efeito da recuperação da renda e do emprego se dará no próximo ano. Portanto, essa taxa de crescimento será explicada pela aceleração do consumo, e não do investimento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.