O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou nesta sexta-feira, 16, que o mais importante nas propostas da Reforma da Previdência é que elas apontam para estabilização do sistema. Dyogo disse que o espaço ocupado pela Previdência no orçamento saiu de 51% em 2000 para 58% nos 12 meses até outubro.

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“Isso pressiona o orçamento de outras áreas”, afirmou Dyogo. “Outras receitas da União entram para pagar esta diferença. Há uma escolha orçamentária que foi feita ao longo do tempo”, comentou.

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De acordo com Dyogo, dentro do conjunto da Seguridade Social, o elemento que mais cresce no orçamento é a Previdência. Dyogo não quis citar o porcentual em que, com as reformas, a Previdência atingirá, dentro do orçamento. Ele afirmou que, “durante algum tempo”, a Previdência ainda continuará crescendo. Depois, a tendência é de estabilização.

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O ministro afirmou ainda que as receitas do governo estão “sofrendo com a desaceleração da economia”. Ao mesmo tempo, disse que a carga tributária no País já é elevada. Em função disso, “a proposta é reduzir a despesa, para não onerar a economia”, disse.

Questionado sobre o que é negociável dentro da reforma da Previdência, que tramita no Congresso, Dyogo afirmou: “o que é negociável, a gente só sabe na negociação”.

Desonerações

O ministro do Planejamento destacou que alterações nas desonerações previdenciárias concedidas a entidades filantrópicas não teriam efeito líquido positivo. Segundo ele, o cancelamento das renúncias a essas entidades acabaria onerando o Orçamento da União por outros caminhos, por exemplo na maior necessidade de financiamento da Saúde.

“O efeito disso não é positivo, o resultado líquido não seria positivo”, disse o ministro, acrescentando que as desonerações como um todo são justificáveis do ponto de vista social. Oliveira ressaltou, contudo, que cabe à sociedade discutir a manutenção desses benefícios.

O Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou na semana passada que, enquanto pretende endurecer as regras para a aposentadoria no Brasil, o governo prevê abrir mão de R$ 62 bilhões em receitas da Previdência Social no ano que vem. O valor é um terço do rombo de R$ 181,2 bilhões previsto para a Previdência em 2017.

O tamanho da renúncia com a concessão de isenções de contribuições concedidas a micro e pequenas empresas, entidades filantrópicas e exportações agrícolas virou arma de resistência das centrais sindicais, que defendem que o governo faça um corte mais radical desses benefícios em substituição a medidas duras da proposta de reforma das regras para aposentadoria.

Na Proposta de Emenda à Constituição (PEC), o governo propõe acabar apenas com um dos seis tipos de renúncias de receitas previdenciárias em vigência hoje – há um sétimo, referente aos Jogos Olímpicos, que se encerrará ao fim do ano que vem. A medida quer dar fim à isenção de contribuições sobre exportações da produção rural, o que trará uma economia de aproximadamente R$ 6 bilhões ao ano, mas é considerada insuficiente por representantes de trabalhadores e economistas.

As renúncias mais significativas permaneceram intactas: os gastos com entidades filantrópicas (considerado uma via para fraudes), desoneração da folha de salários, empresas sob o regime do Simples Nacional (sistema simplificado de pagamento de tributos). Só as filantrópicas custarão R$ 12,45 bilhões no ano que vem. Esse é o dinheiro que as empresas deveriam pagar em contribuição à Previdência pelos seus empregados. A desoneração da folha tira outros R$ 17 bilhões, enquanto o Simples Nacional custa R$ 24,9 bilhões.

Nesta sexta, Dyogo disse que a previsão de desonerações previdenciárias para este ano é de R$ 55 bilhões e destacou que, mesmo que não houvesse renúncias, o déficit da seguridade social permaneceria da ordem de R$ 190 bilhões.

Dyogo concedeu entrevista sobre balanço do Ministério do Planejamento a respeito da Seguridade Social. Na coletiva, informou que no acumulado de 12 meses até outubro o resultado da Seguridade Social – que reúne Saúde, Previdência e Assistência Social – está negativo em R$ 243 bilhões. Dyogo procurou demonstrar que, ao contrário de vídeos que circulam pela internet, existe, sim, déficit na Previdência Social.

A divulgação do balanço da Seguridade Social pelo Ministério do Planejamento ocorrerá a cada três meses.