As incertezas sobre a renovação das concessões das hidrelétricas que expiram a partir de 2015 já influenciam a estratégia de comercialização de energia das geradoras, como a Companhia Energética do Estado de São Paulo (Cesp). “Aguardamos um cenário mais claro sobre as renovações para definir a nossa estratégia”, afirmou hoje o presidente da Cesp, Guilherme Augusto Toledo, em teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre de 2008 da companhia.
Em 2015, a Cesp corre o risco de perder quase 70% de sua capacidade instalada, já que não há certeza se as concessões de Jupiá e Ilha Solteira, localizadas no Estado paulista, serão prorrogadas pela segunda vez pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Por lei, as concessões só podem ser prorrogadas uma vez pela União. Mas já existe no governo federal um grupo de trabalho discutindo alterações na lei e a definição de critérios que permitam uma nova ampliação dos prazos das concessões de geração.
A partir de 2012, a Cesp começará a ter sobras de energia. Por conta disso, a companhia tem sido procurada por clientes livres, interessados em comprar essa oferta disponível em contratos com duração de 10 anos. Porém, o cenário de incerteza freou uma decisão da geradora sobre a venda dessa energia. “A partir de 2012, teremos uma pequena sobra. Já em 2013, esse volume aumenta bastante. Mas não tomamos decisão sobre a venda a partir de 2012”, disse.
A cautela tem uma justificativa. Caso perca as concessões de Jupiá e Ilha Solteira, a Cesp ficará sem energia (lastro físico) para cumprir os contratos de fornecimento. Até por conta dessa questão, o executivo disse não saber se a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aceitaria um contrato de venda de energia que estende o prazo de concessão da usina. “Não sabemos qual seria a reação da Aneel sobre isso”, afirmou.
Preços
Além das incertezas sobre a renovação das concessões, outro ponto que dificulta a estratégia de comercialização é a imprevisibilidade do preço futuro da energia. “A definição mais clara sobre o preço ainda está distante”, comentou o executivo.
Para o presidente da Cesp, o cenário ficará mais claro após a realização dos leilões de energia nova que contratarão a demanda do mercado em 2011 e em 2013, que serão realizados em setembro deste ano. “A partir dos resultados dos leilões, teremos uma definição melhor sobre o preço da energia.
Equacionada a questão do preço, o executivo afirmou que a companhia terá de decidir se vende a energia em contratos de longo prazo ou em acordos de curto prazo, por conta da questão sobre a renovação das concessões.