Depois de uma manhã tensa, que teve manifestações de funcionários pelas ruas de Maringá e na frente da empresa, os credores das lojas Dudony aprovaram, ontem, por maioria, a venda das 110 lojas, estoque e outras instalações da rede ao Grupo Silvio Santos, através de seu braço Baú Crediário.
A proposta de compra da rede, que está em recuperação judicial desde o final do ano passado, foi formalizada na semana passada, e agora depende apenas de autorização judicial para ser concretizada. O negócio envolveu um total de mais de R$ 33 milhões.
A assembleia para a negociação contou com a presença de cerca de 150 dos 240 credores das empresas Distribuidora Maringá de Eletrodomésticos (Dismar) e de sua controlada, Markoeletro Comércio de Eletrodomésticos, proprietárias da marca Dudony.
A dívida acumulada da rede chega a quase R$ 105 milhões, e tem como principais credores os bancos Cacique (R$ 13 milhões), Fibra (R$ 12 milhões), Industrial (R$ 4,6 milhões) e Itaú-Unibanco (R$ 6,2 milhões), além de fabricantes de eletroeletrônicos e eletrodomésticos.
Com a aprovação da venda, feita por mais de 75% dos votos, os menores credores – os trabalhistas e os com garantias reais – deverão receber integralmente o valor de suas dívidas, que somam cerca de R$ 1,65 milhão.
Já os maiores tiveram que se contentar em receber apenas parte de suas dívidas, já que o comprador ofereceu menos de R$ 24 milhões para quitar os débitos, que somavam mais de R$ 90 milhões. O Grupo Silvio Santos promete, ainda, injetar de R$ 8 milhões a R$ 10 milhões na empresa.
Em comunicado oficial, o Grupo Silvio Santos informou que, com a concretização da venda, “comprova a intenção de consolidar seu nome no mercado varejista brasileiro e passa a contar com 130 lojas”.
O Grupo ainda informou que “analisa a viabilidade de manter os cerca de mil funcionários da Dudony nesta nova fase de ampliação de sua rede”. O discurso confronta com a promessa dos antigos controladores, de que a venda estaria vinculada à garantia de emprego dos 1.168 funcionários.
Baú
A Dudony opera há 20 anos e é a maior varejista de móveis e eletroeletrônicos do Paraná. As lojas, localizadas no Paraná e no interior de São Paulo, deverão agora receber a marca do Baú da Felicidade.
O nome Dudony será mantido sob a propriedade dos antigos controladores, que pretendem continuar atuando no atacado. A MM Mercadomóveis, de Ponta Grossa, também mostrou interesse na negociação, mas desejava comprar apenas parte das lojas. A única proposta para compra de toda a rede foi a do Grupo Silvio Santos.
O diretor jurídico da empresa, Cleverson Colombo, já afirmava, em maio, que a venda era uma alternativa viável para a recuperação judicial da empresa, e que, naquela altura, já não restava muita escolha aos proprietários da marca.
Caso o processo de recuperação não tivesse sucesso, seria decretada a falência da empresa e todo o seu patrimônio poderia, da mesma forma, ser colocado à venda, inclusive com maior risco de demissões em massa.
