O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, sinalizou nesta terça-feira que a instituição poderá estender seu gigantesco programa de compras de ativos, conhecido como QE, e adiar elevações de taxas de juros para combater possíveis choques à economia da zona do euro.
O comentário, que veio dias depois de o BCE detalhar planos de retirar suas compras gradualmente, demonstra a cautela do BCE de reverter estímulos monetários num momento em que a economia da região parece estar desacelerando.
Draghi, que falou durante conferência anual de política econômica do BCE em Sintra, Portugal, alertou que a zona do euro enfrenta riscos crescentes, que incluem disputas comerciais e a alta dos preços do petróleo.
“O fim previsto de nossas compras de ativos, em dezembro deste ano, está sujeito à confirmação por indicadores futuros da perspectiva de inflação no médio prazo”, afirmou Draghi, reiterando o que havia dito na última quinta-feira (14), quando o BCE explicou como pretende encerrar o QE. Segundo Draghi, porém, o programa “pode sempre ser usado no caso de que se materializem contingências que não prevemos atualmente”.
Às 7h10 (de Brasília), o euro recuava a US$ 1,1555, de US$ 1,1618 no fim da tarde de ontem.
Na semana passada, o BCE revelou que pretende manter suas compras mensais de bônus soberanos e de outros ativos em 30 bilhões de euros até setembro. A partir daí, o BCE planeja reduzir as compras para 15 bilhões mensalmente até dezembro, quando o QE deverá ser encerrado.
Draghi também repetiu que o BCE pretende manter seus juros nos baixos níveis atuais até pelo menos o fim do verão europeu de 2019 e que a instituição continuará sendo “paciente, persistente e prudente”.
“O que é inegável é que a incerteza que cerca a perspectiva de crescimento aumentou recentemente”, ressaltou Draghi, apontando a ameaça do protecionismo global, o avanço nos preços do petróleo e a possibilidade de volatilidade nos mercados financeiros.
Draghi comentou ainda que a inflação da zona do euro está gradualmente voltando para a meta do BCE, que é de taxa ligeiramente inferior a 2%, mas que as condições atuais ainda exigem “significativa” acomodação monetária.
De acordo com Draghi, o BCE será paciente antes de determinar o momento da primeira alta de juros e manterá uma abordagem gradual depois que vier o primeiro ajuste. Fonte: Dow Jones Newswires.