O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, avaliou hoje que os últimos indicadores econômicos da zona do euro mostram que a recuperação cíclica da região é cada vez mais sólida e que os riscos para o crescimento diminuíram.
Por outro lado, Draghi apontou que um grau bastante substancial de acomodação monetária ainda é necessário e que o BCE precisa implementar uma política que preserve as condições financeiras de modo a atingir sua meta de inflação, que é de taxa ligeiramente inferior a 2%.
Em discurso feito durante entrevista coletiva que se seguiu à decisão do BCE, mais cedo, de manter sua política monetária inalterada, Draghi previu que a inflação da zona do euro vai ganhar força em abril e, posteriormente, ficar em torno dos níveis atuais até o fim do ano.
A taxa anual de inflação ao consumidor da zona do euro desacelerou para 1,5% em março, depois de atingir 2% em fevereiro e superar brevemente a meta do BCE.
Segundo Draghi, já a inflação subjacente, que exclui preços de alimentos e de energia, permanece contida e deve subir “apenas gradualmente” no médio prazo. Por outro lado, os riscos de deflação praticamente desapareceram, notou ele.
Draghi também comentou que o crescimento da zona do euro tem sido prejudicado pela lenta implementação de reformas pelos governos do bloco e que a região tem “muitas fragilidades”, como o volume de empréstimos inadimplentes no setor bancário, mas acrescentou que a política monetária do BCE tem sustentado a demanda doméstica.
De acordo com Draghi, os riscos à perspectiva da região estão caminhando para uma configuração mais equilibrada, embora ainda tendam a ser negativos. No quadro atual, ressaltou, os riscos são predominantemente relacionados a fatores globais, mas o perigo de protecionismo comercial diminuiu.
Draghi afirmou ainda que o BCE não implementa sua política monetária com base nos possíveis resultados de disputas eleitorais e não se pronunciará sobre críticas de políticos acerca das medidas atuais. “É irônico ouvir críticas de quem apoia a independência do banco central”, disse o chefe do BCE, sem especificar a quem se referia.
Repetindo o que o BCE afirmou em comunicado mais cedo, Draghi disse que a instituição está disposta a ampliar seus estímulos monetários, o que significa talvez aumentar o volume de bônus soberanos comprados mensalmente, se houver necessidade. Até março, o BCE vinha comprando 80 bilhões de euros em bônus por mês. Entre abril e dezembro deste ano, o plano é adquirir 60 bilhões de euros em bônus mensalmente. Com informações da Dow Jones Newswires.