Draghi abre portas para instrumentos não convencionais

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse nesta quinta-feira que o conselho da instituição permaneceu unânime na perspectiva de que uma política monetária não convencional pode ser usada para combater o período prolongado de inflação baixa.

Falando em Bruxelas, após a decisão do banco de manter os juros inalterados pelo sexto mês consecutivo, Draghi também disse em suas observações introdutórias que o BCE reitera “firmemente” a diretriz futura, indicando que as taxas de juros serão mantidas nos níveis atuais ou mais baixas por um longo período de tempo. Contudo, ele ressaltou que as expectativas de inflação no médio prazo permanecem ancoradas.

“Vamos manter um alto grau de acomodação monetária e agir rapidamente, se necessário, com uma maior flexibilização da política monetária. Reiteramos firmemente que continuamos a esperar que as taxas de juros do BCE permaneçam nos níveis atuais ou mais baixas por um período prolongado de tempo. Essa expectativa é baseada em uma perspectiva geral para a inflação moderada se estendendo no médio prazo, dada a fraqueza de base ampla da economia, o alto grau de capacidade não utilizada” e criação contida de crédito, afirmou.

“O Conselho do BCE é unânime em seu compromisso de também usar instrumentos não convencionais dentro do seu mandato, a fim de lidar de forma eficaz com os riscos de um período muito prolongado de inflação baixa”, disse Draghi em seu discurso de abertura. “Mais informações e análises sobre as perspectivas para a inflação e a disponibilidade de empréstimos bancários ao sector privado estarão disponível no início de junho”.

Analistas apontaram que o começo da coletiva de imprensa de Draghi mostrou um tom equilibrado sobre as perspectivas econômicas. Ele ressaltou que dados apoiam um cenário de inflação baixa prolongada com um aumento gradual, mas as expectativas de preços no médio prazo permanecem ancoradas. Ele também observou que existem riscos de deterioração para o crescimento, mas os mercados de trabalho estão mostrando sinais de melhora.

“Informações recentes continuam a indicar que a recuperação moderada da economia da zona do euro está se desenvolvendo de acordo com a nossa avaliação anterior. Ao mesmo tempo, informações recentes permanecem consistente com a nossa expectativa de um período prolongado de inflação baixa seguido por um movimento gradual ascendente das taxas de inflação medida pelo índice de preços ao consumidor (CPI). Os sinais provenientes da análise monetária confirmam a imagem de pressões de preços subjacentes contidas na zona do euro no médio prazo. As expectativas de inflação no bloco no médio e longo prazo continuam firmemente ancoradas em conformidade com o objetivo de manter as taxas de inflação abaixo, mas próximas, de 2%”.

Dados e pesquisas recentes “confirmam que uma recuperação moderada em curso continuou no primeiro trimestre de 2014 e no início do segundo trimestre. Olhando para o futuro, a demanda doméstica deve continuar a ser apoiada por uma série de fatores, incluindo a posição acomodatícia da política monetária, melhorias contínuas nas condições de financiamento que caminham para a economia real, os progressos realizados na consolidação orçamentária e nas reformas estruturais e a evolução dos preços de energia. Ao mesmo tempo, embora os mercados de trabalho tenham se estabilizado e mostrado os primeiros sinais de melhora, o desemprego permanece elevado na área do euro e, de modo geral, a capacidade não utilizada continua a ser considerável”, afirmou.

Segundo Draghi, os riscos geopolíticos, assim como os desdobramentos nos mercados financeiros globais e as economias de mercado emergentes, podem ter o potencial de afetar negativamente as condições econômicas do bloco da moeda única. “Outros riscos de deterioração incluem demanda doméstica mais fraca do que o esperado e aplicação insuficiente de reformas estruturais nos países da zona do euro, assim como o crescimento mais fraca das exportações”. O dirigente disse também que a instituição monitorará a taxa de câmbio.

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