Nome conhecido entre os artistas dos movimentos funk e hip hop de São Paulo, Kondzilla “saltou” para o mundo da publicidade em 2016, ao ser contratado como diretor de cena de uma das principais produtoras do País, a Conspiração Filmes. Criado na periferia do Guarujá, no litoral de São Paulo, Kondzilla – nome artístico de Konrad Dantas, 28 anos – fez este ano sua estreia no Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade. Foi levado ao evento pela produtora para mostrar seu estilo de filmar e, quem sabe, começar uma carreira internacional.
Cineasta autodidata, Konrad estreou atrás das câmeras em 2011, aos 21 anos, mas já circulava no movimento funk desde a adolescência. Depois de uma curta tentativa de compor e cantar, decidiu enveredar pelo audiovisual, inspirado pelos clipes americanos. A família de Konrad conseguiu comprar um computador, mas não tinha dinheiro para ter uma assinatura fixa de internet – por isso, o acesso era comprado apenas eventualmente, quando havia sobra no orçamento.
Foi a partir dessa conexão intermitente que o cineasta começou a dar conta da própria educação. Toda vez que tinha acesso à web, usava um programa para baixar o maior número de clipes possível. Depois, já offline, assistia um a um, metodicamente, anotando em uma folha de papel tudo o que lhe agradava e lhe repelia nas escolhas dos diretores gringos.
Após desenvolver seu apuro visual, ele conseguiu juntar dinheiro para comprar uma câmera Canon. O estilo de filmar foi desenvolvido na base da necessidade – era preciso trabalhar rápido e gastar pouco. Logo, sua produção assumiu ritmo industrial. Somente em 2012, Konrad produziu, praticamente sozinho, mais de 60 clipes.
Da quantidade, veio a qualidade: alguns dos artistas com os quais trabalhou viraram estrelas da noite para o dia, entre eles Mc Kevin e Mc Guimê. Junto com eles, os clipes de Kondzilla – feitos, muitas vezes, com orçamentos de R$ 5 mil – ganharam vida própria e milhares de seguidores nas redes sociais.
Diante do êxito dos vídeos de Kondzilla, nem todos os artistas foram fiéis ao diretor. À medida que os clipes faziam sucesso, lembra Konrad, teve gente que achou que poderia terceirizar o trabalho a preços mais baixos. “O problema foi que os clipes não tiveram a mesma repercussão, então eles voltaram para mim”, diz o cineasta.
Foi justamente nesse retorno que se deu o “pulo do gato” de Kondzilla em termos de negócio. “Para aceitar os trabalhos de volta, passei a exigir 50% dos royalties sobre os vídeos”, conta. “A marca Kondzilla passou a validar o conteúdo.” Hoje, a página do diretor no YouTube tem 15,6 milhões de seguidores.
Publicidade
Toda a empreitada dos videoclipes foi uma forma de Konrad chamar a atenção das agências de publicidade para se arranjar um emprego. “Era uma forma de ser percebido, já que eu não sou de família conhecida e não fiz faculdade de cinema.”
Nos últimos dois anos, Konrad afirma ter recebido cinco propostas para trabalhar em propaganda. Acabou aceitando a da Conspiração – onde tem oportunidade de comandar produções bem mais caras.
Apesar disso, ele não tem intenção de parar o trabalho com música, que continua a ser feito com pequenas equipes e orçamentos apertados. Na Conspiração, no entanto, tem tido a chance de alçar voos mais altos: uma campanha que dirigiu para a Nestlé, estrelada pela cantora Karol Conka, teve orçamento de R$ 1 milhão e ares de superprodução: a equipe de apoio de Kondzilla tinha nada menos do que 137 pessoas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.