O dólar teve novo dia de alta ante o real e fechou novamente em recorde histórico. A quarta-feira, 12, foi novamente de fortalecimento da moeda americana no exterior, com outras divisas, como o euro, atingindo mínimas em vários meses. Este movimento aliado a decepção com indicadores da atividade seguiu pressionando o câmbio. As vendas no varejo de dezembro vieram piores que o previsto. No fechamento, o dólar à vista terminou com valorização de 0,57%, a R$ 4,3510, o maior valor do Plano Real.

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No início da noite, o ministro da economia, Paulo Guedes, afirmou que é melhor uma taxa de juros a 4% e câmbio a R$ 4,00, do que dólar a R$ 1,80 e juros de 14%. Com isso, o dólar futuro para março fechou na máxima do dia, a R$ 4,3585, em alta de 0,54%. “O modelo não é juro na lua e câmbio baixo, desindustrializando o Brasil.” O real está com o pior desempenho em uma cesta de 34 moedas fortes e emergentes, com o dólar acumulando alta em 2020 aqui de 8,5%.

O dia no exterior foi marcado por mínimas ante o dólar não só do real, mas também de outras moedas, inclusive as fortes. O euro, por exemplo, caiu abaixo de 1,09 por dólar, atingindo os menores patamares em 21 meses. O índice DXY, que mede o comportamento do dólar ante divisas principais, subiu 0,31%, para 99 pontos, voltando aos maiores níveis desde o começo de outubro do ano passado.

Um executivo de um banco estrangeiro argumenta que o coronavírus mudou a dinâmica do mercado internacional de moedas nas últimas semanas, fortalecendo o dólar. A avaliação dos investidores é que a economia americana tende a ser menos afetada pela esperada piora da atividade da China. Ao mesmo tempo, a América Latina tende a ser mais afetada. Inicialmente, a expectativa para 2020 era de dólar mais enfraquecido, por conta, entre outros fatores, das eleições americanas.

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“A dinâmica do real está muito ruim”, observa um diretor de tesouraria de banco. Ele argumenta que uma série de fatores está contribuindo para o pior desempenho do real. Além da alta do dólar lá fora, indicadores ruins da atividade econômica brasileira e o ambiente de baixos juros aqui, sem perspectiva de que as taxas sejam elevadas no curto prazo, por conta das expectativas ancoradas de inflação.

“É claro que o ambiente externo, marcado pela incerteza com o coronavírus, está pressionando o real, mas por conta dos juros historicamente baixos no Brasil, o real parece particularmente suscetível”, afirma a analista de moedas do banco alemão Commerzbank, You-Na Park-Heger. Ela observa que o Banco Central reage a indicadores econômicos e, caso a situação se deteriore ainda mais, a instituição vai ter que reavaliar sua sinalização de pausa nos cortes de juros. “Cortes de juros podem facilmente reaparecer na agenda. Isso não é o que esperamos, mas provavelmente é uma das razões porque o real está sob pronunciada pressão”, afirma a analista. “O mercado quer confirmação de que a recuperação da atividade vai continuar.”

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