São Paulo – mercado de câmbio teve uma sexta-feira apática, com notícias escassas e poucas oscilações. Com isso, o dólar fechou praticamente estável (em baixa de 0,06%), cotado a R$ 2,934 na compra e R$ 2,936 na venda. Com esse resultado, a moeda encerra a semana também registrando estabilidade (+0,03%). Os juros futuros terminaram o dia em baixa, com os investidores à espera de um corte na taxa Selic na próxima semana.
O fluxo cambial positivo foi o principal responsável pelo equilíbrio do dólar nos últimos dias. As exportações e captações externas compensaram com folga o aumento de remessas ao exterior. O Banco do Brasil voltou a comprar dólares em nome do Tesouro Nacional e ajudou a calibrar as cotações. Segundo profissionais do mercado, somente uma notícia inesperada poderia alterar a tranqüilidade da moeda daqui até o final do ano.
A expectativa é de que a moeda registre alguma alta na próxima semana devido à proximidade do vencimento de uma dívida pública de US$ 1,2 bilhão. O Banco Central (BC) optou por não renegociar o compromisso, já que é baixa a demanda por proteção cambial. Credores dos recursos, no entanto, buscarão garantir maior remuneração das dívidas, incentivando a alta do dólar. No dia 2 de janeiro vence uma outra dívida, de US$ 2,3 bilhões.
“O comportamento do dólar no curto prazo é absolutamente previsível. Somente uma catástrofe no cenário político poderia agitar o mercado. Mas ninguém vislumbra qualquer problema sério que altere esse quadro”, disse Hélio Ozaki, diretor de câmbio do banco Rendimento.
O C-Bond bateu recordes e sofreu realização de lucros nesta semana. No final da tarde de ontem, o principal título da dívida externa brasileira subia 0,64%, cotado a 97,12% do seu valor de face. O risco-país recuava 0,97%, aos 510 pontos-base.
A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), também na próxima semana, é uma das últimas expectativas do ano. O comitê decidirá sobre a taxa básica de juros da economia, a Selic. As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em baixa, com os investidores apostando em um corte de pelo menos 1 ponto percentual na taxa, hoje de 17,50%.
Nos negócios na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), as projeções indicam que os investidores admitem um corte de até 1,5 ponto percentual na taxa básica. O Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro, que projeta a Selic deste mês, fechou em 16,44% ao ano, contra 16,51% do fechamento de anteontem. O vencimento de julho caiu de 15,58% para 15,56% anuais.
As apostas em um corte mais significativo da taxa ganharam força depois que o governo divulgou dados mostrando falta de fôlego da economia brasileira nos últimos meses. A inflação controlada permitiria, então, mais um incentivo ao aquecimento econômico, por meio de um novo afrouxamento da política monetária. Apesar da defesa de um corte mais agressivo, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que o BC não aceitará pressões.
Nesta semana, ajudaram a estabilizar as cotações a melhora da perspectiva da nota (“rating”) da dívida soberana brasileira pela agência de classificação de risco S&P (Standard & Poor?s), e a aprovação no Senado das reformas da Previdência em segundo turno e da tributária em primeiro turno.