economia

Dólar termina semana de aprovação da Previdência com queda acumulada de 2,69%

Pelo segundo dia consecutivo, o dólar tentou, mas não conseguiu se sustentar abaixo dos R$ 4. A divisa tocou os R$ 3,99 no início da tarde desta sexta-feira, na esteira de notícias de avanço na negociação entre Estados Unidos e China, mas rapidamente voltou ao nível anterior. Mesmo assim, terminou na menor cotação em mais de dois meses, desde 16 de agosto, e encerrou o pregão em R$ 4,0079, uma queda de 0,91%.

Na semana, marcada pela votação da reforma da Previdência, a perspectiva de um fluxo maciço de entrada de recursos no País, por oferta de ações, mas principalmente por conta do leilão do excedente da cessão onerosa, fez com que a divisa devolvesse quase R$ 0,12 desde a abertura de segunda-feira. A queda acumulada nos últimos cinco dias foi de 2,69%. No mês, o dólar já caiu 3,54% frente o real.

Para operadores ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o câmbio não tem suporte suficiente para se manter abaixo dos R$ 4 e, ao atingir esse patamar, atrai compradores. Segundo eles, a menos que algum novo noticiário surpreenda os investidores, a tendência é que o dólar permaneça resistente nesse nível até o leilão da cessão onerosa, marcado para 6 de novembro. A expectativa é que o leilão gire R$ 100 bilhões em investimentos.

O economista-chefe da Necton, André Perfeito, pondera que o evento da cessão onerosa é pontual e lembra que, globalmente, o dólar tem se valorizado. Colaboram para isso notícias melhores sobre o desempenho da economia americana em comparação com a Europa. Além disso, Perfeito aponta que “ruídos externos” acabam contaminando a confiança dos investidores. “A queda na taxa de juros também diminui a atratividade. Isso pressiona o dólar para cima”, disse, acrescentando que a tendência é de que a moeda termine o ano ao menos um pouco acima do atual patamar.

Lá fora, o dólar tinha comportamento misto ante emergentes: subia ante Turquia, Chile e Argentina e caía frente México, Rússia e África do Sul, por exemplo. Se por um lado ajudam as notícias de algum avanço no acordo comercial negociado entre Estados Unidos e China, por outro, o noticiário europeu limita um apetite maior ao risco.

“O risco de um Brexit duro diminuiu, mas o apetite foi limitado pela insistência do primeiro-ministro Boris Johnson em convocar eleições antes do final do ano. O mercado não é fã de incerteza política e, embora o resultado possa ser a eliminação do Brexit da equação, a libra perdeu mais de um por cento em relação ao dólar nesta semana”, apontou relatório da corretora Oanda Corporation.

A moeda mais penalizada nesta sexta-feira foi a argentina: o dólar subia quase 1% ante o peso no fim da tarde. Os investidores aguardam o resultado das eleições no país vizinho, marcadas para domingo. Nas prévias, realizadas em agosto, saiu na frente o nome que desagrada ao mercado: Alberto Fernández, candidato escolhido por Cristina Kirchner, que é vice na chapa. Na semana, o dólar acumulava alta de 3,02% ante o peso.

No Chile, que ainda tenta resolver as tensões sociais que estouraram de forma violenta no país na semana passada, a divisa americana acumulou alta de 2,16% nos últimos cinco dias.

Na semana que vem, a Wagner Investimentos ressalta em relatório que a agenda a partir de quarta-feira será “extrema”, com impacto direto nos preços. O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciará a nova taxa básica de juros brasileira, bem como o Federal Reserve (Fed, banco central americano) o fará para os juros daquele país. Além disso, serão divulgados o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) americano e do payroll.

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