O dólar engatou nesta quinta-feira a terceira queda seguida, acompanhando o mercado internacional. O novo pacote de medidas do Banco Central Europeu (BCE) para estimular a atividade econômica da zona do euro ajudou a enfraquecer a moeda americana no exterior e fez a divisa cair a R$ 4,02 aqui na mínima do dia. Mas dúvidas sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China reduziram o ritmo de desvalorização da moeda americana. O dólar à vista fechou em baixa de 0,13%, a R$ 4,0597, o menor nível em 20 dias.
O noticiário doméstico não teve repercussões no mercado cambial, que desde o início da semana esperava a reunião do BCE. Passado o evento, as expectativas se voltam agora para a reunião do Federal Reserve na semana que vem. Na Europa, o BCE cortou os juros e anunciou outras medidas, como um novo programa bilionário de compras de ativos sem prazo final para acabar.
Para a diretora em Nova York da BK Asset Management, Kathy Lien, o BCE foi “acima e além” do esperado ao anunciar o “amplo” pacote de estímulos. As medidas adicionais apontam que está praticamente garantido um corte de juros pelo Fed na semana que vem, o que tende a enfraquecer o dólar. Os economistas da High Frequency Economics esperam um corte de ao menos 0,25 ponto.
Na parte comercial, notícias de que Donald Trump adiaria a cobrança de tarifas adicionais em produtos chineses foram ofuscadas após a rede de televisão CNBC revelar que fontes da Casa Branca negaram a possibilidade de um acordo prévio entre as duas maiores economias do mundo. Com isso, o dólar aqui foi às máximas do dia, na casa dos R$ 4,07.
A moeda americana encontrou um “piso informal” na casa dos R$ 4,05. Níveis abaixo desse valor rapidamente atraem ordens de compra, segundo operadores. Para o chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, um desdobramento positivo nas negociações comerciais entre China e Estados Unidos pode levar a moeda americana abaixo desse nível. Ao mesmo tempo, ele observa que os juros historicamente baixos aqui, e que devem cair de novo na semana que vem, deixa o país pouco atrativo para o investidor financeiro, o que impede uma queda mais pronunciada do dólar. Outro fator é que as exportações brasileiras estão caindo, por causa da perda de fôlego da economia mundial, o que reduz a entrada de dólares pelo canal comercial.