O dólar atingiu novo recorde do Plano Real, fechando em R$ 4,3209 no mercado à vista, com valorização de 0,83%. A moeda americana acumulou alta de 0,84% de segunda até hoje, marcando a sexta semana consecutiva de ganhos. O fortalecimento da divisa dos Estados Unidos no exterior, em meio à crescente preocupação dos efeitos da disseminação do coronavírus na atividade econômica da China e, por consequência, do resto do mundo. Com a economia brasileira tentando acelerar o crescimento, o temor é que este ambiente adverso comprometa a recuperação.

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O índice DXY, que mede o comportamento do dólar ante uma cesta de divisas fortes, atingiu o maior nível em quatro meses. O euro caiu ao menor nível também em quatro meses e a libra foi negociada no patamar mais baixo em seis semanas. A moeda americana só perdeu valor ante o iene hoje, um típico sinalizador de busca por proteção dos investidores internacionais. Nas moedas de emergentes, o fundo de índice (ETF, na sigla em inglês) WisdomTree Emerging Currency Fund, negociado em Nova York e que reúne as principais divisas destes países, caiu 0,52% nesta sexta-feira, atingindo o menor nível desde final de agosto do ano passado.

Para o gestor da Western Asset Management, Adauto Lima, o principal fator por conta deste comportamento do dólar é a preocupação dos efeitos do coronavírus na atividade econômica da China, nos emergentes e nas cadeias produtivas internacionais. Hoje, o banco JPMorgan reduziu a previsão de crescimento para o país asiático de 4,9% para apenas 1% no primeiro trimestre. A S&P Global Ratings cortou a previsão anual para o Produto Interno Bruto (PIB) chinês de 5,7% para 5% em 2020.

Além do vírus, Lima observa que o relatório de emprego de janeiro veio forte, com criação de 225 mil vagas em janeiro, ajudando a manter o dólar fortalecido. Sobre possível atuação do BC, Lima avalia que só se ele perceber alguma “disfuncionalidade” é que faria sentido intervir, mas até agora a avaliação é que não há problemas de liquidez. O dólar casado (diferença das cotações do mercado à vista e futuro) caiu 3,77% hoje, para 5,10 pontos, patamar considerado normal por operadores.

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O chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, também ressalta que, além da incerteza sobre os efeitos do coronavírus, o relatório de emprego da economia americana veio bom, contribuindo para a percepção de força da atividade dos EUA. Para o Brasil, ele observa que a percepção de fraco crescimento da atividade ajuda a agravar o cenário. O IPCA de janeiro subiu apenas 0,21%, abaixo do esperado. Para Velloni, uma cotação do dólar mais condizente com os fundamentos da economia seria ao redor de R$ 4,05.