O real operou descolado de outras moedas emergentes nesta terça-feira, 11, e do otimismo visto na Bolsa. A moeda americana chegou a R$ 4,34 nesta tarde, fortalecida pelo discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, destacando o fôlego da economia americana. Profissionais de câmbio notaram saída forte de recursos pelo canal comercial hoje, em uma operação no setor de petróleo, o que ajudou a pressionar ainda mais as cotações. Perto do fechamento, a valorização perdeu fôlego, mas o dólar à vista ainda terminou com ganho de 0,10%, a R$ 4,3264, o quarto dia seguido de alta e novo recorde nominal do Plano Real.
O dólar já acumula ganho de quase 8% no ano, o pior desempenho entre os emergentes. Em outros, a moeda americana avança 5,6% na África do Sul, 5,3% no Chile e 4,6% na Colômbia.
Pela manhã, o dólar operou em queda aqui, com o real acompanhando as demais moedas. A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) confirmou que cortes de juros não virão no curto prazo, embora parte dos economistas tenham visto a mensagem no documento de que há espaço para mais quedas pela frente. O Goldman Sachs, por exemplo, vê o BC entrando em “modo de observação”, mas sem fechar as portas para novos cortes adiante.
O movimento de queda do dólar se inverteu no início da tarde, coincidindo com o depoimento de Powell no Congresso. O dirigente alertou para os riscos do coronavírus na economia mundial, mas afirmou que “não há razão para que a expansão dos Estados Unidos não se mantenha”.
“Powell mostrou uma avaliação no geral positiva dos EUA”, afirma a economista em Chicago da corretora Stifel, Lindsey Piegza. Essa visão reforçou a percepção de que não deve haver novo corte de juros pelo Fed por enquanto, o que ajudou a fortalecer o dólar ante emergentes. Com isso, a moeda reduziu o ritmo de queda. Peso argentino, real e lira turca foram as exceções hoje, ficando, nesta ordem, com os piores desempenhos ante o dólar.
Na avaliação do operador Alessandro Faganello, da Advanced Corretora, Powell sinalizou que a política monetária não muda por ora, favorecendo a valorização do dólar. Além disso, ele destaca que também teve peso a afirmação do dirigente de que o Fed pretende reduzir gradualmente o uso de operações de Repo, de recompra de títulos, que dá liquidez ao mercado. Sobre possível intervenção do BC aqui, Faganello acredita que somente haverá ação quando a autoridade monetária avaliar que o dólar pode pressionar a inflação. Hoje, apesar de chegar a R$ 4,3403 na máxima, os indicadores mais técnicos mostram que não houve disfuncionalidade no mercado.