O dólar teve um dia de trégua nesta terça-feira, 6, após o nervosismo de segunda, que levou a moeda para perto de R$ 4,00. Com o alívio no exterior, após a China não permitir desvalorização maior do yuan, a moeda americana teve uma manhã volátil, mas passou a operar perto da estabilidade e fechou cotada em R$ 3,9551, praticamente estável (-0,03%), interrompendo uma sequência de seis altas seguidas. A retomada das discussões sobre a Previdência na Câmara é monitorada pelas mesas de câmbio, mas operadores destacam que a aprovação no segundo turno da Câmara já está embutida nos preços e o foco maior agora deve ser no exterior, na relação entre Pequim e Washington.
Na máxima, o dólar chegou a bater em R$ 3,98, seguindo a alta da moeda americana no exterior ante divisas fortes e emergentes. Mas o movimento perdeu fôlego lá fora e se refletiu aqui e a moeda americana chegou a recuar para R$ 3,93, na mínima do dia.
“O mercado está mais tranquilo com a volta do yuan”, afirma o economista David Beker, chefe de Economia e Estratégia para o Brasil do Bank of America Merrill Lynch, destacando que a preocupação de que a guerra comercial se transforme em guerra cambial provocou forte nervosismo na segunda feira e segue no radar dos investidores. Mas nesta terça a China fixou o valor do dólar a 6,9683 yuans e ajudou a melhorar o humor do mercado internacional. “A China é uma economia importante para o mundo e desvalorizando a moeda, podemos eventualmente observar esse processo de guerra cambial se exacerbando.”
Beker ressalta que, no começo do ano, a discussão era se o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ia elevar os juros e fortalecer o dólar, depreciando moedas de emergentes. Em seguida, a discussão mudou para se haveria cortes de juros e enfraquecimento ou estabilidade do dólar. “Mas outros bancos centrais começaram a cortar juros e esse enfraquecimento acabou não ocorrendo. Agora tem esse ingrediente adicional da guerra comercial e da guerra cambial”, disse ele, destacando que o movimento pode manter as moedas de emergentes enfraquecidas. Ao mesmo tempo, esse movimento de cortes de juros deve prosseguir, o que levaria fluxos para emergentes.
A tramitação da Previdência na Câmara deve ser retomada nesta terça à noite, mas o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, ressalta que o foco segue no exterior. Mesmo com o estresse de segunda, ele ressalta que não há falta de liquidez no mercado, o que não justifica interferência do Banco Central. Uma das mostras é que o volume de negócios no mercado futuro foi alto, em US$ 20,3 bilhões até às 17h15.