As medidas anunciadas esta semana pelo governo para desonerar as exportações não terão efeito de frear a queda do dólar, avaliou nesta sexta-feira (14), em entrevista à Agência Brasil, o professor de Comércio Exterior da Trevisan Escola de Negócios, Olavo Furtado. As medidas entram em vigor na próxima segunda-feira (17).
Ele analisou, porém, que as medidas são positivas ?dentro do ambiente que é possível ser feito?. Para conter a desvalorização do dólar, o governo eliminou a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de câmbio dos exportadores e o fim da cobertura cambial nas operações externas, que permitirá a quem exporta manter o total da receita fora do país. Antes, só 30% dos recursos obtidos com as exportações podiam ser mantidos no exterior.
Olavo Furtado afirmou que o fenômeno do dólar depreciado não é novo. Ele disse que o quadro externo também tem seu peso sobre o dólar e acrescentou que, embora o Brasil seja principalmente um exportador de ?commodites? (produtos agrícolas e minerais), a recessão norte-americana acabará tendo reflexos sobre o comércio exterior brasileiro no médio prazo.
Furtado afirmou que a possibilidade do Brasil continuar atraindo capital estrangeiro não vai diminuir a competitividade do setor exportador nacional. Ao contrário, poderá servir como incentivo para uma presença maior dos produtos nacionais no exterior e para a internacionalização das empresas brasileiras. ?Tudo que facilita a competição é bem vindo. Eu sou um defensor do livre mercado?.
O professor lembrou que o governo federal tem se preocupado em criar condições para que a indústria nacional consiga levar seus produtos para o mercado internacional. ?É uma regra que independe de partidos políticos?, destacou.
Olavo Furtado salientou que, para estimular as exportações, deve-se dar prioridade à questão da infra-estrutura. ?Precisamos criar condições para que tudo que é produzido nesse país chegue ao porto, ao aeroporto. Ou seja, que a produção seja escoada?, alertou.
Ele reconhece que, no entanto, questões de infra-estrutura não se resolvem a curto prazo. ?Não é com um pacote imediato. Na realidade, é com um programa de desenvolvimento, que eu acho que vem de encontro com o que está por trás do Programa de Aceleração do Crescimento(PAC) e outras medidas que o governo tem tomado?.
Para Furtado, outra forma de incentivar as exportações é desregulamentar o comércio exterior. Ele disse que a burocracia no setor impede que os pequenos e médios empresários tenham acesso ao mercado externo. ?Quanto mais você criar condições de acesso ao mercado externo, vai ter uma inserção maior de empresas. E, com certeza, isso diminui a dependência de fatores como o dólar?, conclui.