O dólar começou o dia em queda, mas o movimento não se sustentou na tarde desta quinta-feira, e a moeda americana acabou fechando o dia em alta. A quinta-feira foi de valorização do dólar no mercado internacional, tanto ante divisas fortes como na maioria dos emergentes. No mercado doméstico, a tramitação mais lenta da reforma da Previdência no Senado segue causando mal estar nas mesas de operação e pressionando o câmbio.

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Na mínima do dia, o dólar à vista chegou a cair para R$ 4,12, com otimismo dos investidores sobre as negociações comerciais entre China e Estados Unidos. Mas o processo de impeachment do presidente americano, Donald Trump, segue provocando cautela nos investidores. O diretor de um banco americano avalia que a chance é baixa de Trump ser impedido de governar, mas até que o processo se encerre, deve causar muita volatilidade no mercado e fuga de ativos de risco, o que tende a fortalecer o dólar e enfraquecer as moedas emergentes. Em Washington, a discussão sobre o impeachment pode ainda atrasar projetos de Trump e a atrapalhar a agenda legislativa, ressalta este executivo.

Em meio à cautela do investidor, que também está preocupado com a desaceleração da economia mundial, o índice DXY, que mede o comportamento do dólar ante uma cesta de divisas fortes, é negociado atualmente em patamares próximos a maio de 2017. Naquele mês, o índice bateu em 100 com a sinalização de altas mais rápidas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Nesta quinta, na máxima, foi a 99,276 pontos.

“O cenário externo está complicado e a história do Brasil neste momento não está ajudando”, afirma a economista e estrategista de câmbio do banco Ourinvest, Fernanda Consorte. Ele ressalta que a reforma da Previdência “encrespada no Senado” é um dos fatores que contribuem para pressionar a moeda, pois se esperava que a tramitação das medidas na casa fosse ser rápida.

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Com o exterior mais adverso e o Brasil sem notícias positivas, a economista do Ourinvest não vê fluxo de recursos externos vindo para o país neste momento. Para o diretor de tesouraria de um banco estrangeiro, sem capital do exterior, o dólar não cai abaixo de R$ 4,00 no curto prazo. Desde 16 de agosto a moeda americana se firmou acima deste nível.