O dólar subiu 0,49% ontem e fechou vendido a R$ 2,276, pressionado pelas atuações do Banco Central e por um movimento de realização de lucros. Apesar da alta, na semana a moeda norte-americana acumulou desvalorização de 0,26% em relação ao real. No mês, acumula queda ainda mais acentuada, de 2,10%.
Na avaliação de Flávio Ogoshi, do RaboBank, diante da baixa da divisa no início deste mês, é normal que ocorra uma realização de lucros.
De acordo com ele, o dólar só não caiu mais por causa das atuações diárias do Banco Central por meio dos leilões de ?swap cambial reverso? e de compras no câmbio à vista.
Dos 8.800 contratos de ?swap cambial? ofertados hoje, o BC vendeu 8.600 – que representam cerca de US$ 406 milhões. No mercado à vista, segundo operadores, a autoridade monetária aceitou propostas de 13 bancos para compra e pagou no máximo R$ 2,2680 por dólar.
?O Banco Central só está tirando a volatilidade de queda com suas atuações?, disse Ogoshi.
De acordo com ele, os fundamentos da economia brasileira não mudaram, portanto o dólar continua com tendência de queda.
Juros
A possibilidade de um corte mais agressivo na taxa básica de juros (Selic) também influenciou o movimento do câmbio. Parte do mercado já espera uma redução de pelo menos 0,75 ponto percentual nos juros – hoje em 18% ao ano – na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, marcada para os dias 17 e 18 deste mês.
O juro menor pode diminuir o interesse dos estrangeiros por aplicações no Brasil, o que causaria a redução no fluxo de recursos para o País e impulsionaria a cotação do dólar para cima.
O argumento para os que esperam um corte maior na taxa básica é o desaquecimento industrial e o fato de o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE, ter ficado dentro da margem de erro prevista pelo Banco Central. O indicador apontou inflação de 5,69% em 2005.
Já a produção industrial brasileira, de acordo com o IBGE, registrou alta de 0,6% em novembro na comparação com outubro, contra previsões de expansão bem maior, de 1% a 1,5%.
Segundo o instituto, uma análise de longo prazo da taxa acumulada em 12 meses revela que a indústria acentuou a trajetória de desaceleração verificada nos últimos meses. O crescimento neste período passou de 4,1% em outubro para 3,5% em novembro.