Depois da alta moderada registrada ao longo do dia, o dólar comercial acelerou e terminou a segunda-feira com elevação de 1,23%, vendido a R$ 2,875. Esse é o seu maior valor em seis dias. Entretanto, não houve fatos negativos que provocassem um nervosismo do mercado financeiro. Ao contrário, a queda de 4,68% do risco-País e o superávit de US$ 554 milhões da balança comercial na segunda semana de junho ajudaram a manter o clima otimista dos últimos dias.

“A queda do risco mostra como são positivas as perspectivas para o Brasil”, diz um analista. “A recuperação da credibilidade é a principal explicação para a queda do dólar neste ano, já que possibilita às empresas nacionais captar recursos lá fora a custos menores. Assim, o fluxo de entrada de recursos só faz aumentar.” No ano, a moeda norte-americana já se desvalorizou em 23,3% e as captações ultrapassam os US$ 9 bilhões.

Espera-se que as captações de companhias como Bradesco, Votorantim, BankBoston, Safra e Usiminas comecem a entrar no mercado nos próximos dias, o que deve derrubar as captações.

A questão dos juros concentra atenções. Embora não haja consenso sobre o assunto, a maior parte dos analistas e economistas defende um corte da Selic, a taxa básica de juros da economia, que está atualmente em 26,5% ao ano.

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) sai na quarta-feira.

Até os bancos, que são o setor que mais lucra com as altas taxas de juros praticadas no País, estão defendendo uma redução. Ontem, o presidente da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), Gabriel Jorge Ferreira, afirmou desejar que os juros caiam.

Risco-Brasil

O risco Brasil está em 692 pontos, refletindo a aprovação dos investidores à política econômica austera do governo Luiz Inácio Lula da Silva. O C-Bond, principal título da dívida externa do País, foi negociado a 92,875% do valor de face, atingindo nova cotação recorde, com 0,61% de alta.

Os operadores de mercado comentam que este foi um dia de volume de negócios reduzido, devido à expetativa pelo corte de juros. “Estão todos em compasso de espera. O mercado só vai se reaquecer depois que sair a decisão do Copom, e então será possível traçar alguma tendência para o dólar a curto e médio prazo”, comenta o analista. Para ele, o motivo da alta de ontem foi o preço relativamente baixo da moeda. “Isso atrai compradores, como as empresas que têm compromissos a saldar no exterior.”

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