O dólar chegou a cair para R$ 4,06 na manhã desta quinta-feira, influenciado pela melhora do cenário externo, mas o ritmo de queda se reduziu na parte da tarde e a moeda acabou fechando em alta. A notícia de que a China e os Estados Unidos vão se reunir em outubro para discutir um acordo comercial animou os investidores no início desta quinta-feira, mas o dólar ganhou força na segunda parte dos negócios, tanto ante divisas fortes como de emergentes. O dólar à vista fechou em alta de 0,11%, a R$ 4,11.
Nesta sexta-feira (6), o cenário externo deve seguir ditando o ritmo das oscilações no mercado de câmbio local, dia em que será divulgado o novo relatório de emprego dos Estados Unidos, o payroll. O documento pode sinalizar se a economia americana está ou não perdendo fôlego e assim calibrar as apostas para as próximas reuniões do Federal Reserve. “Baseado no comportamento do dólar nesta quinta, os investidores estão apostando em um relatório com números fortes”, afirma a diretora de moedas da BK Asset Management, Kathy Lien.
O banco Morgan Stanley prevê a criação de 181 mil vagas nos EUA em agosto, acima das 161 mil postos de julho. Mesmo assim, os economistas esperam corte de juros pelo Fed tanto na reunião deste mês como na de outubro, o que pode enfraquecer o dólar. O relatório ADP, que mostra os números de abertura de vagas surpreendeu ao mostrar 195 mil postos em agosto.
“O câmbio mais uma vez refletiu os movimentos no mercado externo”, ressalta o sócio e gestor da Absolute Invest, Roberto Serra. “O mundo passa por um movimento de dólar forte”, disse ele. Na quarta e nesta quinta-feira, esse movimento perdeu fôlego, com a sinalização de progresso nas conversas comerciais entre Pequim e Washington. Para o gestor, em meio à elevada incerteza e volatilidade nos mercados, o dólar tanto pode ir para R$ 4,20 nos próximos dias quanto pode cair para perto de R$ 4,00 ou até abaixo, dependendo dos próximos eventos.
O dólar acabou terminando estável ante moedas fortes, após cair boa parte do dia. Nos emergentes, a moeda americana recuou de forma moderada antes alguns países, como México (-0,06%), e subiu ante outros, como África do Sul (+0,56%) e Rússia (+0,12%). Profissionais de câmbio ressaltam ainda que a prudência antes da divulgação do payroll também fez o investidor buscar refúgio no dólar. O documento será revelado nesta sexta-feira.
“Esperamos que as moedas de emergentes fiquem sob pressão nos próximos trimestre e se enfraqueçam mais ante o dólar”, afirma o economista para emergentes da Capital Economics, Edward Glossop. Mesmo assim, os bancos centrais da região devem seguir cortando juros, diminuindo o diferencial com os países desenvolvidos, que devem cortar as taxas em ritmo mais lento.