São Paulo – O cenário político levou o dólar a bater ontem sua quinta alta consecutiva, atingindo seu maior preço desde o início de setembro. A moeda americana subiu 0,61% e fechou cotada a R$ 2,958 na compra e R$ 2,960 na venda. Desde 3 de setembro que a cotação não atingia o patamar dos R$ 2,96. Mesmo sem notícias novas no cenário político, o clima de especulação continuou a dar o tom dos negócios.
A Bolsa de Valores de São Paulo registrou nova queda recorde, ontem, de 4, 77% voltando ao patamar dos vinte mil pontos (20.950). O volume de negócios atingiu R$ 1,347 bilhão.
Segundo operadores, a pressão sobre o dólar teria sido mais forte, não fosse o bom desempenho das operações ligadas à exportação. Os títulos da dívida externa voltaram sofrer ordens de venda, levando o risco-país a se aproximar dos 600 pontos. No final da tarde, o C-Bond caía 0,91%, cotado a 94,31% do seu valor de face. O risco-país alcançava 585 pontos-base (alta de 427 pontos), maior patamar desde novembro.
A crise deflagrada pelas denúncias contra Waldomiro Diniz continua no centro das preocupações dos investidores. As especulações giram em torno da possibilidade de abertura de uma CPI e da permanência do ministro da Casa Civil, José Dirceu. A proximidade do feriado de Carnaval acabou por agravar a busca dos investidores por posições defensivas. Temendo notícias desagradáveis nos próximos dias, vários investidores antecipam compras de dólares ou vendem ações.
– O movimento é essencialmente bastante especulativo, porque até agora não temos nada de concreto. Não há CPI, não há novas denúncias e não há demissão de ministro. Há apenas um mal-estar às vésperas de um feriado prolongado. Tudo leva a crer que a sexta-feira será novamente de alta do dólar, por conta da busca por um posicionamento seguro – disse um gerente de mesa de um banco nacional.
As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em alta, um dia depois da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A manutenção da taxa básica ficou dentro do esperado pelos investidores. O que causou estranheza foi a falta de uma justificativa para a decisão, que deverá ficar para a ata da reunião, a ser divulgada na próxima semana.
A aceleração do IPCA-15 de 0,68% para 0,90% ajudou a pressionar as taxas futuras, assim como o aumento das taxas pagas no leilão de títulos prefixados realizado semanalmente pelo Banco Central. O Depósito Interfinanceiro (DI) de julho fechou em 15,89% ao ano, contra 15,79% do fechamento de anteontem. O DI de janeiro, o mais negociado, subiu de 15,47% para 15,79% anuais.