A semana em que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) decide a taxa de juros básica da economia dos EUA começa tensa, com quedas acentuadas nas bolsas européias e nos índices futuros de Nova York. O nervosismo é acompanhado por aqui com uma abertura do dólar em alta. O primeiro negócio fechado no pregão viva-voz da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) teve cotação de R$ 1,91 para o dólar à vista, o que representa uma valorização de 0,42% em relação ao final da sexta-feira.
O clima negativo ainda decorre das incertezas em relação ao tamanho dos estragos que a crise de crédito resultante dos financiamentos imobiliários de alto risco de inadimplência ("subprime") nos EUA está provocando no restante do sistema financeiro global – acirradas, desde sexta-feira, pelo anúncio de que o banco Northern Rock, do Reino Unido, enfrenta problemas e precisou de socorro financeiro do Banco da Inglaterra.
Declarações do ex-presidente do banco central americano (Fed) Alan Greenspan durante o final de semana também colaboram para alimentar o nervosismo. Apesar de ter dito que "há uma solidez subjacente na economia norte-americana e que, até o momento, os problemas não parecem suficientemente severos ao ponto de se transformarem em algo mais profundo", disse que "os preços dos imóveis ainda têm espaço para cair" e que sua visão para o futuro da economia dos EUA é "muito obscura".
Sobre a economia do Reino Unido, a análise de Greenspan foi ainda mais severa. Ele disse que o país está mais exposto à turbulência financeira do que os EUA e que a inflação irá acelerar-se dramaticamente nos próximos anos, dobrando em relação às mínimas recentes. Ele estimou ainda que as taxas de juro podem ter de atingir dois dígitos nos próximos anos para manter o ritmo de crescimento dos preços nos atuais baixos níveis.