Dólar rompe barreira dos R$ 3

São Paulo – O dólar e o risco – País dispararam ontem, num dia marcado pelo pessimismo dos investidores em relação ao cenário político e por turbulências no quadro externo. A moeda americana subiu 2,19%, fechando em R$ 3,03, enquanto o risco país avançou 8,25%, para 853 pontos. Tanto o dólar quanto o risco atingiram o nível mais elevado desde 20 de maio. A Bolsa caiu 3,26%.

No quadro doméstico, o temor de que as negociações em torno da reforma da Previdência mudem a essência da proposta e as ações mais agressivas dos sem-terra e dos sem-teto preocupam os investidores. No cenário externo, a elevação da taxa dos títulos do Tesouro dos EUA continua atrapalhando, por prejudicar a demanda por papéis de países emergentes.

O diretor de Tesouraria do Banco Fator, Sérgio Machado, disse que, depois que o dólar rompeu os R$ 2,95, muitas empresas começaram a procurar proteção cambial (hedge), com medo de uma alta mais forte das cotações. Nesse cenário, investidores que acreditavam na queda do dólar desfizeram suas apostas, numa correção técnica que acentuou a alta da moeda, de 6,8% em 30 dias. Nem mesmo o anúncio de captações no exterior seguram o dólar. Hoje, a Vale do Rio Doce confirmou a captação de US$ 300 milhões no exterior.

Para Machado, o humor do mercado piorou devido ao temor de que o Congresso aprove uma proposta reforma da Previdência muito fraca, que tenha um impacto fiscal menor do que o previsto. A impressão de que o governo poderá ceder demais e a possibilidade de adiamento da votação da proposta na Câmara tiveram impacto negativo. A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de adiar a viagem a África foi interpretada por alguns analistas como um sinal de que o governo reconhece a gravidade da crise política.

O economista Alexandre Póvoa, do Banco Modal, ressaltou ainda que o aumento das tensões envolvendo os sem-terra e os sem-teto também colaborou para a alta do dólar e do risco país. A falta de uma reação mais firme do governo a escalada de invasões causa mal-estar entre os investidores, reforça a analista Maristella Ansanelli, da Tendências.

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