São Paulo (AG) – O dólar à vista subiu 1,55% ontem, mas nem por isso deixou de computar uma forte desvalorização em maio. A moeda americana terminou o mês cotada a R$ 2,407 na compra e R$ 2,409 na venda, com queda acumulada de 4,74% no período. Em abril, o dólar já havia caído 5,21%.
A alta registrada no dia foi conseqüência direta das declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Rodrigo Azevedo, em um congresso em São Paulo. Azevedo disse que o BC poderá voltar a comprar dólares no mercado à vista, para recompor reservas. A declaração teve efeito instantâneo no mercado de câmbio e o dólar chegou a subir mais de 2%. ?Foi um sinal do BC para o mercado, que correu para zerar as apostas na queda do dólar. Pode ser que o BC não entre, mas ninguém quer pagar para ver?, disse um profissional de um banco estrangeiro.
A sinalização do diretor do BC também gerou a desconfiança de que a autoridade monetária retome também os leilões de ?swap reverso?, espécie de compra de dólares que o BC fazia no mercado de derivativos. Desde meados de março que o BC não compra dólares, nem vende contratos de ?swap?.
Não faltaram críticas ao diretor do BC, que deu a declaração justamente no dia da tradicional briga mensal pela Ptax. A Ptax é a média ponderada do dólar que remunera os contratos futuros, que vencem sempre na virada de mês. Nesse dia, investidores com interesses diferentes disputam as cotações, puxando-as para cima ou para baixo.
?Não era o dia de o BC falar em retomada das compras, pois influenciou a cotação em um dia de tradicional disputa de investidores?, disse Luiz Antônio Abdo, analista da corretora Pioneer.
No acumulado do mês, a queda do dólar é atribuída mais uma vez à combinação entre juros altos e ingresso de capital externo no país, principalmente no segmento comercial. Neste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou pela nona vez consecutiva a taxa Selic, que agora é de 19,75% ao ano.
A desaceleração da economia brasileira no primeiro trimestre do ano influenciou a baixa das projeções dos juros negociadas no mercado futuro. Nos negócios na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), as taxas ficaram estáveis nos vencimentos mais curtos, mas recuaram nos mais longos.
Segundo números do IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,3% no primeiro trimestre. É o crescimento mais baixo dos últimos dois anos. A leitura é que, com a economia em desaceleração clara, o Banco Central possa iniciar os cortes de juros mais cedo.
O Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2006, o mais negociado, fechou com taxa de 19,45% ao ano, contra 19,49% do fechamento de segunda-feira. A taxa do DI de janeiro de 2007 caiu de 17,92% para 17,88% anuais.