São Paulo (AG) – O dólar comercial sofreu uma leve pressão de compra e fechou ontem em alta de 0,17%, cotado a R$ 2,874 na compra e R$ 2,876 na venda. O fluxo cambial ligeiramente negativo foi o responsável pela pressão nesta segunda-feira tranqüila para o mercado interbancário. Sem notícias relevantes no cenário político, o dólar chegou a cair 0,49% no início dos negócios, atraindo os compradores. O C-Bond subia 0,83% no final da tarde, cotado a 98,62% do seu valor de face. O risco-país caía 2,23%, para 524 pontos-base.

O dólar já anulou todo o impacto da crise política. Com a redução das chances de instalação de uma CPI para investigar os bingos, os analistas agora esperam a volta das captações externas, interrompidas pelas denúncias do caso Waldomiro Diniz. Nesse cenário, voltaria à cena o Banco Central e suas compras de dólares para recomposição de reservas cambiais.

Analistas observam que a movimentação especulativa das tesourarias bancárias é hoje muito menor do que dias atrás. Em sentido oposto vêm as operações de comércio exterior, que crescem gradativamente. Ontem a Secretaria de Comércio Exterior divulgou que a balança comercial teve superávit de US$ 400 milhões na primeira semana de março, levando o acumulado do ano a encostar nos US$ 4 bilhões.

– Mesmo com todos os problemas, o panorama do país é positivo. Além do menor temor de instalação de uma CPI, o mercado recebeu bem a sinalização de manutenção dos juros nos Estados Unidos. Com as taxas baixas lá fora, nossos papéis devem continuar a atrair investimento estrangeiro – disse Shiguemi Fujisaki, gerente de câmbio da corretora Socopa.

A desaceleração dos índices de inflação incentivou o mercado futuro de juros a ajustar para baixo as suas projeções da taxa Selic. Divulgado ontem, o Índice de Preços ao Consumidor na cidade do Rio de Janeiro (IPC-RJ) caiu de 1,22% em janeiro para 0,15% em fevereiro. Em São Paulo, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) registrou deflação de 0,18% no município, o menor resultado desde junho de 2003.

O recuo dos dois índices levou os investidores a apostar na retomada dos cortes da taxa Selic a partir do segundo trimestre. A uma semana da reunião de março do Comitê de Política Monetária (Copom), a aposta majoritária para este mês ainda é de nova manutenção da taxa, hoje de 16,50% ao ano.

O Depósito Interfinanceiro (DI) de abril, que projeta a Selic de março, fechou em 16,14% ao ano, contra 16,15% do fechamento de sexta-feira. O DI de julho recuou de 15,91% para 15,83% anuais. O vencimento de janeiro de 2005, o mais negociado, caiu de 15,49% para 15,33% anuais.

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