O dólar comercial interrompeu a seqüência de duas baixas (queda acumulada de 7%) e fechou ontem em alta de 1,52%, vendido a R$ 3,665, máxima do dia. A moeda americana operou em ritmo de gangorra. Oscilou muito, entre uma cotação mínima de R$ 3,55 (queda de 1,66%) e máxima de R$ 3,665 (alta de 1,52%). Houve venda de dólar no mercado à vista pelo Banco Central, estimada em volume abaixo de R$ 100 milhões e confirmada pelo BC.
No final da manhã, o BC realizou um leilão de linhas de crédito à exportação. Dos US$ 30 milhões ofertados, foram vendidos US$ 24,198 milhões para o dia 31 de março de 2003 com taxa de 4%. Esse valor correspondeu ao total da demanda do mercado.
Nos momentos de alta, a moeda americana sofreu a pressão de empresas com dívidas vencendo nos próximos dias, que aproveitaram a queda nos últimos dois dias para comprar a moeda.
Essas companhias são orientadas a antecipar suas compras, uma vez que até o final do mês haverá o vencimento de dívida externa privada de US$ 2,5 bilhões. Além disso, no próximo dia 17, haverá a rolagem de US$ 3,6 bilhões em títulos e swaps cambiais. Isso significa que os bancos vão pressionar a taxa média do dólar (Ptax) para lucrar mais com a remuneração desses papéis.
Os mercados americanos despencaram nesta quarta-feira. Os investidores, mais uma vez, aproveitaram o avanço do pregão anterior como uma desculpa para realizar lucros. O Dow Jones caiu mais de 180 pontos, com recuo de 2,28% e totalizando 7.757,97 pontos. O Nasdaq perdeu 2,19% e 1.187,17 unidades. O S&P500 registrou queda de 2,38%, atingindo 8287,75 pontos.
Debate no foco
Também, o quadro político ainda divide opiniões e pode gerar algum estresse, até o próximo domingo, quando acontece o primeiro turno das eleições presidenciais.
Para Helio Osaki, analista da Finambras, a queda do risco Brasil e a valorização dos títulos da dívida externa brasileira são favorecidas pela aposta de que haverá segundo turno na corrida presidencial.
Sobre os boatos de surgimento de notícias negativas contra Lula, um outro operador cita achar improvável, pois o eleitor já deu provas de que não quer ver baixaria na campanha. A prova é a queda de José Serra (PSDB), o candidato do governo e o preferido de alguns bancos, após os ataques contra Lula.
Risco Brasil
O risco Brasil, medido pelo banco de investimentos JP Morgan, caiu forte ontem. Por volta das 15h30, desabava 4,28%, aos 2.124 pontos. Chegou a ter mínima de 2.069 pontos.
O BC recomprou títulos da dívida externa, segundo operadores. Isso explicaria a forte alta dos papéis hoje no mercado internacional.
Concentração de vencimentos
Brasília
(AE) – A tentativa da equipe econômica de diminuir a concentração de vencimentos no período de transição de governo fracassou e os pagamentos no último trimestre prometem ser um problema para o ministro da Fazenda, Pedro Malan e para o presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Eles terão que administrar vencimentos de R$ 86,32 bilhões em títulos, enquanto o mercado financeiro todo estará especulando sobre quem serão os seus substitutos.A forte concentração de vencimentos de títulos nos próximos três meses foi conseqüência da crise que tomou conta do mercado financeiro já no segundo trimestre. Em janeiro, as projeções do Banco Central eram de que, entre outubro e dezembro estariam vencendo R$ 19,7 bilhões, menos de um quarto do valor atual. A idéia da equipe econômica era justamente evitar ter de administrar um volume muito alto de vencimentos, em um período de grande ansiedade.
Nos primeiros três meses do ano que vem, os vencimentos programados dobraram. Em janeiro, projetava-se pagamentos da ordem de R$ 15,1 bilhões entre janeiro e março de 2003. No mês passado, os cálculos do BC apontam para vencimentos de R$ 32 bilhões.
O segundo trimestre será ainda pior: os vencimentos somam R$ 74 bilhões, valor bem acima dos R$ 50 bilhões previstos anteriormente.
Investidor atento ao mercado externo
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou ontem em queda de 1,97%, com o Índice Bovespa em 8.820 pontos, perto da mínima do dia. O volume financeiro foi de R$ 523,6 milhões. A bolsa paulista teve uma quarta-feira de alta volatilidade, com os investidores atentos ao mercado americano e ao cenário interno. Entre a máxima e a mínima, a bolsa oscilou de +1,49% a -2,08%. Sem investidores finais e com a alta do dólar, o mercado não sustentou a recuperação ensaiada anteontem. Telemar PN, ação mais negociada da bolsa, teve queda de 1,63%. Já Petrobras PN, segunda mais importante do mercado, recuou 0,17%. Entre as ações que fazem parte do Ibovespa, as maiores quedas foram de Embratel Participações ON (-10,3%) e Net PN (-7,6%). Já as altas mais significativas foram de Souza Cruz ON (+2,4%) e Vale do Rio Doce PNA (-1,9%).
Movimento
A Bovespa movimentou R$ 10,186 bilhões em setembro. A média de operações diárias foi de R$ 485,04 milhões, com 25.287 negócios -quedas de 23,37% e 22%, respectivamente, sobre agosto. Em setembro, o Ibovespa acumulou queda de 16,94%.
No período, o mercado à vista respondeu por 90,18% das operações, seguido pelo mercado de opções (5,69%) e a termo (4,13%). O volume do after market caiu 37,95% na comparação com agosto, para R$ 27,72 milhões. De todos os negócios de setembro, 5,44% foram feitos no pregão viva-voz e 94,56% no sistema eletrônico de negociação.
A participação do Home Broker cresceu de 8,51% em agosto para 9,56% em setembro – o volume foi de R$ 340,53 milhões. As instituições financeiras lideraram as aplicações na Bovespa com 28%, seguidas pelos investidores estrangeiros (24,1%), pessoas físicas (20,5%), investidores institucionais (15,8%), empresas (11,5%) e outros (0,1%). (Recepção 100%)