A desvalorização do dólar em relação ao real em março ajudou a manter o Índice de Preços ao Produtor (IPP) em território negativo no mês. No entanto, a queda de preços dos produtos na porta de fábrica foi generalizada e ocorreu mesmo em atividades com pouca influência do câmbio, afirmou Cristiano Santos, técnico da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em março, o IPP registrou recuo de 0,22%, o primeiro resultado negativo desde outubro de 2013 (-0,45%). No mês, o real se valorizou 2,4% em relação dólar.
“Apesar de termos alguns setores que são ligados às commodities, que por serem cotadas em dólares, certamente os preços devem ter caído, como fumo e metalurgia, vemos que a maioria das atividades teve variação negativa de preços. Claro que o dólar impacta, mas essa tendência (de queda) foi bastante espalhada entre as atividades”, disse Santos.
Cinco das 23 atividades pesquisadas tiveram alta de preços em março, sendo que os principais impactos negativos para o total da taxa do IPP vieram de equipamentos de informática e produtos eletrônicos, fabricação de máquinas e equipamentos e outros produtos químicos.
Segundo Santos, embora a atividade de informática tenha também impacto do câmbio por meio do uso de componentes importados, é a tendência de obsolescência dos produtos que define os preços. “O setor de informática vem com queda há algum tempo. Nesse mês, essa queda continua. A questão fundamental é uma tendência sempre de queda de preços por conta da obsolescência. A influência do dólar aqui é muito indireta”, declarou o técnico do IBGE.
No caso de outros produtos químicos, houve impacto da trajetória de queda do preço da nafta no mercado internacional. “Os preços da nafta cresceram muito ao longo dos últimos 24 meses, com algum reposicionamento. Nesse momento você tem desaceleração desses preços. Houve aquecimento muito grande da demanda em determinado momento do ano passado, e isso agora arrefece”, explicou ele.
Já a redução nos preços da atividade de máquinas e equipamentos tem ligação direta com o fim da época de altas temperaturas. Os aparelhos de ar condicionado ficaram mais baratos em março. “Nesse momento do ano, esse setor sente diminuição da demanda, então os preços caem”, justificou Santos.