O dólar teve a maior valorização entre os ativos financeiros em agosto, mês marcado pela turbulência no mercado global em decorrência da crise imobiliária nos Estados Unidos. A moeda norte-americana subiu 4,30% – a alta beneficia os fundos cambiais, que acompanham a valorização; no paralelo, a divisa avançou 2,39% (3º lugar no ranking). O ouro, em segundo lugar, teve apreciação de 2,42%.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que chegou a cair 11 38% em agosto, no dia 16, o pior do mês, recuperou-se e encerrou o mês na quarta posição, com alta de 0,84%.
A bolsa e todas as aplicações de renda fixa (fundos, CDBs e caderneta)renderam em agosto abaixo da inflação de 0,98% medida pelo IGP-M, o que equivale a ganho real negativo. A inflação não superava o rendimento de fundos e CDBs desde agosto de 2004 e da caderneta desde novembro de 2006.
Fundos DI
Entre as aplicações remuneradas por juros, os fundos DI, com rendimento líquido médio de 0,73%(-0,25% de ganho real), foram o melhor investimento, porque puderam tirar proveito da alta dos juros provocada pela crise. Nessas carteiras, o gestor tem o compromisso de atrelar no mínimo 95% do total em títulos da carteira à variação do CDI (título trocado entre bancos) ou à taxa Selic. Isso permitiu que o fundo DI acompanhasse a alta das taxas e atraísse investidores; eles receberam depósitos que no dia 28 superavam os saques em R$ 3,91 bilhões (captação líquida).
Boa parte desses recursos foi alocada por investidores que migraram dos fundos de renda fixa, de onde a saída líquida no mês estava em R$ 5,90 bilhões no dia 28. Esses fundos renderam em média 0,67% líquido, perdendo para os CDBs de valor acima de R$ 100 mil, que pagaram em média 0,70% líquido.
As cotas dos fundos de renda fixa chegaram a ter variação negativa no meio do mês, porque os juros dos títulos de longo prazo prefixados e indexados à inflação presentes nas carteiras ficaram abaixo da taxa de mercado e o prejuízo precisou ser contabilizado. Com a melhora do mercado nos últimos dias, esses fundos puderam recuperar parte do prejuízo.
Pequeno aplicador
Para pequenos investidores no segmento de renda fixa, a caderneta foi a melhor opção em agosto, com rendimento de 0,65%, seguida pelos fundos DI com taxa de administração de 2,5% ao ano com rendimento líquido de 0,60%, e pelos CDBs, que para esse público ofereceram 0,58% líquido. De modo geral, os fundos precisam ter taxa de administração máxima de 1,5% ao ano para render mais que a caderneta.
Os fundos multimercado, até dia 28, apresentavam rentabilidade negativa no mês. A versão sem renda variável foi prejudicada pela alta dos juros e as com renda variável, pela queda das ações. Esses fundos perdiam no mês, até dia 28, R$ 971,45 milhões.
Setembro
O administrador de investimentos Fábio Colombo alerta que, embora a crise tenha se amainado, ?não podemos descartar novas ondas negativas?. Para ele, ?o mercado está apostando de forma exagerada na redução dos juros americanos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), e isso pode trazer turbulências caso o corte não se concretize?.
Para o administrador, na renda fixa, os fundos DI são a opção mais rentável e segura em setembro. Já os fundos cambiais devem ser vistos como ?diversificação de portfólio, como forma de seguro?, diz Colombo. O investimento em bolsa deve considerar que o Ibovespa ?está ainda em patamar muito alto e poderá sofrer correção no curto ou médio prazos?. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.