O otimismo dos mercados financeiros está provocando uma forte queda da cotação do dólar. Nesta semana, a moeda encostou na barreira psicológica de R$ 3 pela primeira vez em mais de 8 meses. Somente em abril, a desvalorização do dólar em relação ao real passa de 9%. No ano, a queda supera os 13%. Os analistas, no entanto, não acreditam que a moeda norte-americana fique nesse patamar ou abaixo dele por muito tempo.

O economista-chefe do Banco Fibra, Guilherme da Nóbrega, destaca que, mesmo com todo o otimismo do mercado, 2003 será marcado pela volatilidade do câmbio. “Um engasgo nas reformas pode fazer o dólar disparar”, diz Nóbrega se referindo às reformas tributária e previdenciária, negociadas pelo governo federal.

O economista reconhece que o acordo de ontem entre os Estados e a União sobre o texto da reforma foi melhor do que se esperava. “A pauta das reformas ainda será foco nas próximas semanas e o otimismo deve continuar até que seja apresentada ao Congresso”.

Para Nóbrega, o dólar deve se estabilizar entre R$ 3 e R$ 3,10. “Nesse patamar, há mais risco de subir do que cair. O mercado acreditava que R$ 3,20 já estava baixo e a moeda caiu mais. É difícil prever um piso, mas não acredito numa cotação do dólar muito abaixo dos R$ 3. Essa cotação tem mais cara de piso. Acho que chegamos ao limite”, explica.

A consultora de mercados da Tendências, Alessandra Ribeiro, acha que o mercado está vivendo um otimismo exagerado e também não acredita na cotação do dólar abaixo de R$ 3. Para ela, a cotação deve se estabilizar entre R$ 3,15 e R$ 3,20. “Qualquer problema pode tirar um pouco desse otimismo.”

A repercussão do tema “reforma” surpreedeu Alessandra. “Véspera de feriado é, geralmente, um dia fraco, de poucos negócios, mas o resultado positivo da reunião com os governadores tomou uma proporção maior do que imaginávamos”, afirmou.

Vai subir

Apesar do atual otimismo a taxa de câmbio prevista por especialistas do Comitê de Economia da Câmara Americana de Comércio de São Paulo (Amcham-SP) para o final do ano é de R$ 3,50, na média das opiniões.

Os economistas também foram mais cautelosos quanto à previsão de crescimento do PIB, de 1,90% na média. “É um índice aquém da expectativa do governo, e representa um crescimento real muito pequeno”, analisou Paulo de Albuquerque, presidente do Comitê. Para a balança comercial, a estimativa média foi de superávit de US$ 16,3 bilhões.

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