Dólar já afeta renda das montadoras

O dólar barato já está afetando a rentabilidade das montadoras instaladas no Brasil. Para a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a continuidade dessa situação pode tirar a competitividade das exportações brasileiras, que por enquanto estão sustentando a produção de veículos no País. ?A rentabilidade das exportações foi pulverizada?, disse Rogélio Golfarb, presidente da Anfavea.

Segundo ele, essa redução de margem pode transferir investimentos da indústria brasileira para outros mercados, o que reduzirá a competitividade do produto nacional. ?A indústria nacional está sob a ameaça da competitividade externa e de um ambiente não muito favorável no campo interno. E quando não consegue investir, abre a portas para a China?, afirmou Golfarb se referindo às elevadas taxas de juros e à tributação excessiva.

Golfarb disse que as indústrias automotivas instaladas no País precisam melhorar sua rentabilidade para garantir investimentos necessários à competitividade do parque brasileiro frente à indústria da China, Leste Europeu e outras regiões do mundo. ?A China está vindo para cima com uma velocidade enorme. Já está chegando por meio das autopeças e logo estará produzindo carros compactos.?

Para Golfarb, o dólar ideal para as exportações deveria se manter na casa dos R$ 3. ?Esse seria o patamar ideal.?

Levantamento feito pela Anfavea, com números da FGV (Fundação Getúlio Vargas), mostra que a lucratividade das exportações brasileiras já caiu 34,6% em relação a dezembro de 2001. ?Na indústria automotiva, a situação é ainda pior, pois os preços dos insumos aumentaram muito nesse período?, afirmou Goldfarb.

Por enquanto, as exportações do setor automotivo continuam em ritmo acelerado. Em abril, as exportações de veículos, máquinas agrícolas, motores e componentes atingiram US$ 881,902 milhões, uma queda de 5,9% sobre março. No acumulado de janeiro até abril, as exportações totalizam US$ 3,180 bilhões, uma alta de 35,9% sobre o mesmo período de 2004.

Segundo Golfarb, os números ainda são favoráveis porque os contratos de exportação estão sendo cumpridos. ?As exportações nos custaram muitos anos. Ter um produto ?made in Brazil? respeitado lá fora foi difícil. Temos compromissos com nossos clientes e não vamos cancelar contratos.?

A Anfavea estima que as exportações de 2005 possam alcançar a marca de US$ 8,9 bilhões, uma alta prevista de 7% sobre o resultado do ano passado.

Mas Golfarb disse que essa projeção pode ser revisada no próximo mês. ?Existe um ponto de interrogação sobre o efeito do câmbio nas exportações. Aguardamos para ver o que vai acontecer daqui para a frente.?

Setor apresenta a primeira queda no ano

Pela primeira vez no ano, a produção, exportação e vendas no mercado interno de veículos apontaram queda em relação ao mês anterior. Em abril, as montadoras produziram 203.427 veículos, uma queda de 6,9% em relação a março. Na comparação com o mesmo mês de 2004, porém, ainda registram expansão de 19,7%.

No quadrimestre, a produção registra uma alta de 14,7% frente ao mesmo período de 2004, com 771.382 unidades. Os dados foram divulgados ontem pela Anfavea (associação das montadoras).

Vendas internas

As montadoras venderam em abril 137.667 veículos no mercado interno, uma queda de 7,9% em relação a março. Na comparação com abril de 2004, houve um aumento nas vendas de 19,2%.

Perdas

Um estudo da FGV faz uma comparação entre os custos na compra de insumos e a queda da cotação do dólar entre dezembro de 2001 e março deste ano. O descompasso seria de 46,5%. Já o levantamento da Funcex indica uma perda de rentabilidade de 34,6% nas exportações em dólar, considerando o pico nas cotações da moeda – em meados de 2002, quando chegou a R$ 4 pressionado pelo nervosismo que antecedeu a eleição presidencial.

?E quando você fica no vermelho, o que acontece é que você pára de investir?, disse o presidente da Anfavea, acrescentando que o País exporta basicamente modelos populares, cujas margens de lucros já seriam apertadas.

Funcionários da VW/Audi fecham acordo

Funcionários da Volkswagen/Audi, em São José dos Pinhais, fecharam ontem acordo com a direção da empresa sobre o valor da Participação de Lucros e Resultados (PLR), que ficou estipulado em R$ 3,6 mil. A categoria reivindicava R$ 4 mil, enquanto a empresa oferecia R$ 3,4 mil. A primeira parcela do PLR, de R$ 1,8 mil, será paga na próxima quarta-feira, dia 11. A segunda parcela será paga no início de 2006 – é que a PLR é atrelada ao alcance de metas anuais fixadas pela companhia. A Volkswagen/Audi e o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba deverão negociar as metas nas próximas semanas.

Para o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos, Jamil D?Ávila, o valor ficou no meio termo entre o pretendido pela categoria e o oferecido pela direção. ?Avançamos até o limite?, afirmou. A decisão de aceitar a proposta foi votada ontem, às 6h20, durante assembléia no portão da fábrica.

O acordo coloca fim às paralisações temporárias dos funcionários. Desde que iniciou o impasse, há cerca de dez dias, a categoria vinha promovendo paralisações de duas horas em cada troca de turno. Ao todo, foram vinte horas de paralisação.

Segundo a direção da montadora, o valor da PLR que será pago pela montadora este ano é 24% maior do que o do ano passado que foi, em média, de R$ 2.900,00. A Volkswagen/Audi tem 4.200 empregados e produz 810 carros por dia, entre Fox, CrossFox, Golf e Audi A3. No ano, a planta de São José dos Pinhais produz cerca de 220 mil veículos. ?Estamos no limite, tanto de produção como de pessoal)?, afirmou o diretor do sindicato, Jamil D?Ávila. (Lyrian Saiki)

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