O dólar reduziu o ritmo de queda após a atuação do Banco Central, mas ainda assim fechou no menor valor desde abril de 2001. A divisa caiu 0,72% ontem e encerrou os negócios a R$ 2,179. Foi a oitava queda seguida.
Ao longo do dia, a moeda norte-americana atingiu desvalorização de 1,41%, a R$ 2,164 na venda, influenciada pela notícia de que o governo federal está captando recursos no exterior, por meio da reabertura de bônus denominados em dólares que vencem em 2015.
O ritmo de queda da moeda diminuiu após o leilão de compras do Banco Central. Segundo operadores, a instituição aceitou 19 propostas de 16 bancos e pagou no máximo R$ 2,173 por dólar.
Miriam Tavares, diretora da corretora AGK, avalia que também tem contribuído com o recuo da divisa norte-americana nos últimos dias a retomada das operações de arbitragem de dólar com DI (juros futuros).
Ela explica que os investidores estão vendendo suas posições em contratos de dólar futuro na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) para aplicar em DI – que acompanham os juros.
?Ontem, os investidores seguraram um pouco as operações de arbitragem na expectativa de que o Banco Central anunciasse a retomada de leilões de swap cambial (operação que tem o efeito de uma compra de dólar no mercado futuro). Como isso não foi confirmado, as arbitragens voltaram a crescer?, disse.
De acordo com Miriam, a taxa básica interna – hoje em 19% ao ano -, considerada muito alta para o risco oferecido, alimenta a arbitragem.
Para a diretora da AGK, o forte recuo das cotações do dólar alimenta também a discussão sobre qual seria o novo piso da moeda norte-americana a partir de agora. Segundo ela, o mercado especula que a queda poderia ser interrompida com a divisa perto dos R$ 2.
?Nós acreditamos que, embora não haja piso e nem um preço certo para o dólar em relação ao real, o equilíbrio estaria perto dos R$ 2,30. No entanto, a abundância de recursos internacionais em busca de rentabilidade em um momento que o Brasil oferece ganhos a um risco relativamente baixo, tornam possível uma queda ainda maior para o dólar?, afirmou.