O dólar comercial terminou o dia, ontem, em baixa de 0,83%, vendido a R$ 2,965, com o mercado animado por novas captações de empresas brasileiras no exterior e pelos sinais de que o Banco Central não vai impedir, por ora, que a moeda norte-americana fique abaixo dos R$ 3 ?nível considerado pelos exportadores prejudicial ao setor. Esta foi a quarta vez consecutiva que o dólar fechou a menos de R$ 3.

As recentes quedas do risco-país indicam que as companhias nacionais estão encontrando melhores condições para obter empréstimos lá fora. O fluxo desses recursos explica, em grande parte, a desvalorização de mais de 15% acumulada pelo dólar desde o final de março. Ontem, contribuiu para derrubar as cotações a emissão de bônus do banco Votorantim no valor de US$ 180 milhões.

O risco Brasil caiu 2,39% ontem à tarde, chegando a 773 pontos, e o C-Bond, principal título da dívida externa do país, éra negociado a 90,875% do valor de face, com alta de 1,11%.

A boa aceitação dos ativos brasileiros no exterior também alimenta a expectativa de que o governo pode aproveitar o bom momento para fazer uma nova emissão soberana. No final de abril, o governo emitiu US$ 1 bilhão em títulos da dívida externa com vencimento em 2007.

Contribui para esse otimismo a elevação da perspectiva da classificação de risco do país feita anteontem pela agência Fitch Atlantic Ratings. A Moody?s Investors Service não vê, porém, perspectiva de melhora do rating do Brasil no curto prazo.

Dívida cambial

O BC concluiu ontem a renovação de 95% de uma dívida em contratos de “swap cambial” que vence em 12 de junho no valor de US$ 1,4 bilhão. A operação consiste na troca desses títulos cambiais por outros com novos vencimentos.

Quando anunciou, no início da semana passada, que não mais rolaria integralmente esse tipo de dívida, a instituição abriu espaço para especulações de que sua intenção era evitar que o dólar caísse demais. Afinal, os investidores que detêm os títulos como forma de “hedge” (proteção contra oscilações bruscas da moeda) devem procurar outras alternativas para se proteger, inclusive comprar dólares no mercado à vista.

O alto percentual da rolagem de ontem dá a entender que o BC não está muito incomodado com a acentuada queda do dólar, apesar das reclamações dos exportadores. Analistas acreditam que a moeda norte-americana deve recuar um pouco mais nos próximos dias.

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