Após uma queda significativa na última sexta-feira, quando recuou 1,22% frente ao real, o dólar iniciou a semana valorizado em relação à moeda brasileira. Uma série de fatores externos e internos alimentam um sentimento de cautela que pesa sobre a divisa. Aqui, os investidores aguardam a votação da reforma da Previdência, marcada para terça-feira e, ainda, o tamanho do peso que a crise dentro do PSL terá sobre a articulação política do governo.
Globalmente, os países latinos são afetados por uma série de conflitos na região, destacadamente no Chile, onde uma onda de protestos iniciados após reajuste no preço das passagens do transporte público cresceu de forma violenta e culminou, até o momento, em 11 mortes e toque de recolher decretado pelo governo. Depois de ter tocado a máxima aos R$ 4,1520 no início da tarde, o dólar fechou o dia cotado a R$ 4,1307, uma alta de 0,29%.
O dólar é favorecido ainda por um otimismo em relação ao acordo entre Estados Unidos e China, após sinalizações do vice-primeiro ministro chinês de que houve progressos na discussão. “China e Estados Unidos continuam apoiando um tratado limitado em suas declarações e, embora a euforia da reunião há duas semanas tenha sido reduzida, resta a esperança de que em novembro, quando Trump e Xi se encontrem, algum acordo significativo seja oficializado”, aponta relatório da corretora Oanda Corporation.
O operador da Hcommcor Corretora, Cleber Alessie Machado, explica que, com a leitura de uma Selic ainda mais baixa este ano, a atratividade do real fica menor, sobretudo na atual conjuntura macroeconômica. “Se a gente já tivesse reforma da Previdência no bolso – muito provavelmente terça teremos – e a atividade tivesse tração, teríamos motivo para o real começar a ter melhor performance. Como a gente não tem, o real é alvo de venda”, disse. Para ele, muitos investidores têm rebalanceado a carteira de emergentes e direcionado recursos do Brasil para o México.