O dólar fechou ontem com a maior queda percentual do ano na expectativa de novas captações externas por empresas e bancos. A moeda norte-americana caiu 1,52% e fechou cotada a R$ 2,721. Um dia após o anúncio do Copom (Comitê de Política Monetária), os analistas avaliaram que os juros devem continuar em alta, o que deve atrair ainda mais capital especulativo para o Brasil, aumentando a oferta de dólar no mercado. A Bolsa de Valores de São Paulo não repetiu o movimento financeiro dos últimos tempos, fechando com R$ 1,559 bilhão, em alta de 0,93%, caindo para 28.085 pontos.

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Pelo sétimo mês consecutivo, o Banco Central elevou a taxa Selic, que passou de 18,75% para 19,25% ao ano. Na BM&F, os juros futuros dispararam. Para evitar pagar taxas elevadas, o Tesouro suspendeu os leilões de venda de títulos públicos.

As notícias sobre captações externas voltaram ao mercado de câmbio com força total, mesmo depois da forte alta nesta semana do risco Brasil – indicador que baliza o custo desse tipo de operação lá fora.

Há rumores de que estão no forno emissões de companhias como CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Votorantim, da Braskem e da Camargo Correa, segundo a IFR (International Financing Review), publicação técnica que acompanha esse mercado.

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Pela manhã, o dólar chegou a exibir máxima de R$ 2,79, em alta de 0,97%, devido ao clima de cautela no mercado internacional, onde o petróleo bateu um novo recorde. Uma explosão dos custos das empresas, decorrente do óleo mais caro, ameaçaria o crescimento da economia mundial, provocando inflação e alta dos juros.

Mas, no final da manhã, prevaleceu a avaliação de que, além da alta do petróleo, outras incertezas no cenário externo (aumento dos juros nos EUA) e a piora das expectativas de inflação devem ?adiar? o fim do aperto monetário no Brasil, levando a ala pessimista do mercado a descartar até a chance de quedas dos juros neste ano. O contrato de juro para a virada do ano bateu máxima de 19,20% ao ano.

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Ou seja, o crédito deve continuar caro, inibindo o consumo, a produção, os investimentos e, por tabela, a criação de empregos, segundo os críticos da postura do Copom no setor produtivo.

Não houve leilão de compra de divisas pelo BC. Nesta semana, analistas já falavam que o governo poderia suspender essas operações, pois não haveria mais interesse de pressionar o dólar.

Mesmo com a queda de ontem, o dólar ainda acumula alta de 5,1% neste mês e de 2,5% no ano. Em março, a moeda americana chegou a subir sete dias seguidos, emplacando a maior escalada desde julho de 2002, época da crise com a eleição presidencial.