Dólar estabiliza e fecha mês valorizado em 1,03%

São Paulo – O dólar comercial alternou altas e baixas e fechou praticamente estável ontem. A moeda norte-americana terminou o dia valendo R$ 2,930 na compra e R$ 2,932 na venda, com alta de 0,03%. Depois de seis altas consecutivas, a moeda norte-americana teve valorização de 3,20% na semana e de 1,03% no mês. O C-Bond caía 0,12% no final da tarde, cotado a 98,37% do seu valor de face. O risco-país aumentou em 3,9%, para 502 pontos-base.

A semana foi bastante agitada nos mercados, abalados por notícias inesperadas sobre os juros brasileiros e norte-americanos. A perspectiva de elevação da taxa básica norte-americana gerou temores de fuga de capital externo dos países emergentes. No cenário interno, a novidade foi o tom excessivamente cauteloso do Banco Central diante da aceleração da inflação.

O Banco Central também deu sua parcela de contribuição para a apreciação do dólar, por meio de 26 leilões de compra da moeda. Nesta semana foram sete leilões, todos realizados quando o dólar já operava em alta. Na quarta-feira a moeda atingiu seu maior valor do ano, mesmo em meio ao fluxo cambial positivo, garantido pela balança comercial e pelas captações das empresas.

O vencimento de uma dívida de US$ 2,5 bilhões, na segunda-feira, gerou pressão pontual sobre o dólar na manhã de ontem. Interessados em elevar seus rendimentos sobre a dívida vincenda, alguns bancos não permitiram uma queda do dólar. Quanto maior a média das cotações de ontem, maior a rentabilidade dos créditos. Por conta disso, o BC ficou de fora do mercado.

Os juros futuros negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) tiveram oscilações mais discretas, depois do estresse da véspera. Os vencimentos mais longos voltaram a subir, ainda como reflexo da conservadora ata da reunião do Copom. O Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro, o mais negociado, fechou em 15,77% ao ano, contra 15,74% do fechamento de anteontem. O DI de julho ficou estável, em 16,08% ao ano. Já o vencimento de abriu recuou de 16,20% para 16,19% anuais. A taxa Selic está hoje em 16,50% ao ano.

Bovespa acumula perdas

O índice da Bolsa de Valores de São Paulo carimbou ontem sua quarta queda seguida. O Ibovespa caiu 2,39% e terminou o dia com 21.851 pontos e volume financeiro de R$ 1,3 bilhão. Anteontem, o índice já havia registrado perdas de 6,14%. Em quatro dias, o tombo foi de 10,2%. Até o dia 28 de janeiro, o índice da Bolsa paulista acumulava ganhos de 7,3% no ano. Com a queda de anteontem e ontem, o resultado do ano passa a ficar negativo em 1,7%.

O movimento negativo na Bolsa ontem ainda é conseqüência do comunicado do Fed (Federal Reserve, BC dos EUA) que sinalizou que o juro norte-americano – hoje em 1% ao ano – poderá ser elevado, e da ata do Copom (Comitê de Política Monetária, do BC) que criou expectativas de manutenção do juro brasileiro em 16,5% na reunião de fevereiro.

Uma alta do juro nos Estados Unidos poderá reduzir o fluxo de recursos para países emergentes como o Brasil e os investimentos de estrangeiros na Bolsa de Valores de São Paulo.

O balanço de investimentos estrangeiros na Bovespa, que até o dia 12 deste mês apontava entradas de R$ 777 milhões, caiu para R$ 417 milhões no acumulado até o dia 27.

De acordo com analistas, as ordens de vendas dos investidores estrangeiros na Bovespa foram significativas ontem. Já a interrupção dos cortes no juro brasileiro, que ainda está alto, pode provocar deslocamento dos investimentos em ações – que apresentam maior risco – para a renda fixa.

O juro alto inibe também o crescimento do crédito, os investimentos no setor produtivo e a expansão econômica do País.

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