Os ajustes de fim de mês levaram o dólar a encerrar o dia, ontem, em alta de 1,25%, cotado a R$ 3,655 para venda e R$ 3,65 para compra. É a maior cotação em duas semanas, desde que o dólar fechou a R$ 3,68 no dia 14. Com essa alta, a moeda norte-americana reverteu a perda que acumulava no mês até ontem e terminou novembro – o primeiro mês completo após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência – com valorização de 0,68%, após ceder 3,45% em outubro. No ano, o ganho do dólar chega a 58%.

Para a semana que vem, a expectativa é de queda, com o mercado mais “relaxado” com a virada do mês. O próximo vencimento de dívida cambial, de US$ 1,8 bilhão, está marcado para o dia 12.

“A tendência, pelo menos na primeira semana de dezembro, é de queda, embora o volume em dezembro seja pior”, afirmou Marco Antonio Azevedo, gerente de câmbio do Banco Brascan.

Ptax

A pressão, ontem, ocorreu por causa da chamada briga pela Ptax – a mediana da cotação calculada diariamente pelo Banco Central de acordo com o volume de negócios e que, no último dia do mês, determina quanto se ganha ou se perde com os contratos futuros na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros). Os investidores que apostaram na alta do dólar costumam forçar a cotação para ampliar seu lucro.

Além disso, a Ptax de ontem também determina o valor de ajuste de US$ 2,3 bilhões em contratos cambiais que vencem na segunda-feira. O BC renovou 71,3% desses contratos, mas com mais de US$ 700 milhões descobertos, alguns investidores pressionaram para terem um acerto de contas favorável. Esses contratos pagam ao investidor, além de uma taxa de remuneração, a diferença entre a variação dos juros e do câmbio no período.

O BC confirmou que interveio no mercado, conforme adiantaram operadores, mas não revelou o montante. As doses teriam sido pequenas, segundo o mercado.

Liquidez

O volume do dia foi extremamente baixo. Colaboraram para isso o meio feriado nos EUA, as expectativas políticas e o fato de a maior parte dos bancos terem passado o dia envolvidos em seus ajustes de fim de mês, fora do mercado.

Nos EUA, o feriado de Ação de Graças comemorado anteontem levou muitos operadores e investidores a emendar o fim de semana e não participar do mercado ontem. Além disso, bancos e corretoras ficaram fechados, o que refletiu no Brasil sob a forma de um menor número de ordens de operação.

Além disso, a maior parte dos investidores preferiu segurar negócios ontem, esperando uma maior definição do cenário político na próxima semana, quando o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, deve anunciar sua equipe econômica.

O risco Brasil operou na contramão e caiu 2,33%, para 1.586 pontos.

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