A perspectiva de que a guerra entre Estados Unidos e Iraque será realmente curta, empurrou a cotação do dólar para baixo, ontem, no mercado brasileiro. O dólar comercial foi negociado durante todo o dia em baixa e fechou com queda de 2,16%, a R$ 3,405 na venda, menor cotação desde 17 de janeiro (R$ 3,38). Na mínima do dia, o dólar foi negociado a R$ 3,402 (baixa de 2,21%). Percentualmente, a queda registrada ontem é a maior desde 6 de janeiro, quando a moeda caiu 3,03% e terminou o dia a R$ 3,35.
Segundo operadores de mesa de câmbio, a queda na moeda foi favorecida pela venda de dólares efetuadas por bancos que fizeram captações externas. De acordo com eles, novas captações feitas por bancos e empresas nos últimos dias levaram algumas instituições financeiras a acreditar que a moeda pode cair mais fortemente nos próximos dias, após a entrada desses recursos no país.
A Petrobras anunciou anteontem uma captação de aproximadamente US$ 200 milhões e o Bradesco pretende fechar nos próximos dias uma emissão de no mínimo US$ 200 milhões.
A notícia de bombardeios norte-americanos no complexo presidencial de palácios do ditador Saddam Hussein, na área central de Bagdá, também repercutiu bem no mercado, pois elevou a expectativa de que a guerra será curta. “Até boatos sobre a morte do ditador iraquiano Saddam Hussein ajudaram o mercado hoje (ontem)”, disse um operador. No final da tarde, o risco-país, termômetro da confiança dos estrangeiros no Brasil, caía 4,88%, para 1.031 pontos básicos. Quando o risco cai, mostra que os investidores externos estão mais confiantes com relação ao Brasil.
Mesmo com a guerra como pano de fundo, o governo brasileiro está conseguindo alongar sua dívida. Ontem, o Tesouro conseguiu trocar 2 milhões de LFTs (Letras Financeiras do, títulos pós-fixados), cerca de R$ 2 bilhões, de curto por longo prazo. O Banco Central, por sua vez, já conseguiu rolar quase 50% da dívida cambial de US$ 3,1 bilhões que vence no dia 1.º de abril. O resultado dessas operações acaba refletindo bem na imagem do país entre os investidores estrangeiros.