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Com a abertura comercial e estabilização econômica, a valorização constante |
São Paulo (AE) – Não faz muito tempo, dólares eram uma preciosidade para adquirir sempre que possível e guardar embaixo do colchão. Mais do que um investimento certamente rentável, tinham a incumbência de proteger o patrimônio, já que, mais cedo ou mais tarde, em menor ou maior intensidade, a moeda nacional perdia valor em relação a eles. O acesso da pessoa física aos dólares era restrito e, na maior parte das vezes, para tê-los era necessário recorrer ao mercado paralelo, ilegal. Tudo isso mudou.
Com a abertura comercial e estabilização econômica, a valorização constante do dólar em relação à moeda nacional deixou de ser verdade. Em 2003, 2004 e 2005, o dólar registrou perda de valor em comparação com o real. Este ano, tudo caminha na mesma direção.
O acesso ao dólar também ficou mais fácil. Atualmente, se um investidor pessoa física quer atrelar seu patrimônio ao dólar, pode recorrer a dois instrumentos. O primeiro é o fundo cambial, autorizado pelo BC em 1995. O poupador deposita reais suficientes para comprar N dólares, e o volume de dinheiro, em reais, varia, para que o poupador possa comprar aqueles mesmos N dólares.
A outra possibilidade é recorrer à Bolsa de Mercadorias e Futuros, onde são negociados os contratos futuros (ou ?a termo?). Nesse caso, o investidor ?trava? uma cotação, para fazer o negócio no futuro. Desde fevereiro deste ano, existe também o dólar à vista. Nos dois casos, o acesso aos dólares é indireto, por meio de instituição financeira, e as cédulas não vêm para a mão do investidor. Quando sai da aplicação, a pessoa física continua tendo reais na mão, que foram corrigidos pela variação do dólar. O papel moeda é conseguido em qualquer casa de câmbio, mas compras volumosas são relatadas ao BC e a Receita Federal pede explicações. Fora isso, somente no mercado paralelo, que continua ilegal.
Ainda assim, a influência da pessoa física na oscilação da cotação do dólar é desprezível. Os grandes participantes continuam sendo os exportadores, importadores, investidores estrangeiros e institucionais nacionais. Nos últimos anos, os grandes responsáveis pela queda do dólar perante o real são os exportadores, que aumentaram muito suas vendas e têm garantido um constante fluxo de moeda norte-americana para o país.
Para acompanhar o vaivém das cotações do dólar, porém, deve-se considerar diversos outros fatores, cada vez mais complexos. Um dos principais é a diferença entre as taxas de juros brasileira e externas -principalmente dos EUA e da Europa. Quando as taxas brasileiras parecem grandes o bastante para compensar eventuais riscos políticos ou econômicos – como ocorre atualmente – os investidores estrangeiros trazem dólar para aplicar aqui e a grande quantidade da moeda derruba seu valor.
