Variação cambial e aumento de custos dos serviços foram os motivos apontados pela Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) para justificar o prejuízo líquido de R$ 1,2 milhão no terceiro semestre de 2002, enquanto em igual período de 2001 houve lucro de R$ 23,1 milhões. Mesmo com o prejuízo registrado no demonstrativo contábil dos meses de julho a setembro, a empresa alcançou lucro líquido de R$ 88 milhões de janeiro a setembro de 2002, 12,87% inferior ao apurado no mesmo período do ano passado (R$ 101 milhões). A diretoria da Sanepar estima que o lucro desse ano chegará no máximo a R$ 140 milhões, enquanto no último ano foi de R$ 152 milhões, o melhor resultado da história da empresa.

“A empresa é superavitária e vai fechar o ano com lucro. Tudo dependerá do comportamento do dólar”, analisa a diretoria de relações com investidores. Até junho, o lucro líquido somava R$ 89,2 milhões. Segundo o último balanço, divulgado nessa semana ao mercado, a redução do lucro no terceiro trimestre se deve à variação do dólar e aumento de custos. Em relação ao terceiro trimestre de 2001, o custo dos serviços prestados pela companhia teve crescimento de 20,9%, atingindo R$ 72,5 milhões. O resultado é decorrente do aumento de 23,6% nos gastos com serviços de terceiros, impactado pelos reajustes da tarifa de energia elétrica (20,3%) e de empregados terceirizados (7,5%). De acordo com o balanço, o desempenho foi afetado, em grau menor, pela alta de 13,6% em depreciações e amortizações em função de investimentos realizados em ligações de esgoto.

A Sanepar informou que as despesas financeiras líquidas totalizaram R$ 86,6 milhões no terceiro trimestre de 2002, bem acima dos R$ 38,2 milhões do mesmo período de 2001. “Esse aumento refletiu principalmente o impacto da valorização do dólar (36,9%) e do iên (34,6%) frente ao real no segundo semestre de 2002”, cita o balanço. Em 30 de setembro, a dívida bruta da companhia totalizou R$ 1,206 bilhões, um acréscimo de 5,8% sobre o segundo trimestre de 2001, refletindo principalmente a alta desvalorização do real frente às moedas estrangeiras.

A diretoria da Sanepar esclarece que as únicas dívidas em moeda estrangeira são U$ 120 milhões para o Prosam Bird e 102,9 milhões de ienes referentes ao ParanaSan. Segundo a empresa, essas dívidas correspondem a apenas 18,5% do endividamento total e são de muito longo prazo, com vencimento até 2023, razão pela qual não estão protegidas por operações de hedge.

A receita bruta teve incremento de 23,6% no terceiro trimestre de 2002 comparado ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 224,6 milhões. O crescimento, de acordo com a empresa, se deve aos reajustes das tarifas de água e esgoto, que subiram 19,3% no período. No ano, a receita bruta é de R$ 678 milhões. Para o quarto trimestre, a tendência é reverter o resultado negativo verificado no terceiro trimestre em decorrência do recuo da cotação do dólar.

Sociedade pode ser alterada

Olavo Pesch

A Sanepar é uma sociedade de economia mista controlada pelo governo do Estado do Paraná, que detém 52,5% do capital total da Empresa e 60% do capital votante. Em 1998, a Dominó Holding adquiriu 39,7% das ações ordinárias da Sanepar. O grupo é formado pela Andrade Gutierrez S.A., Copel, Opportunity Daleth S.A. e pela multinacional francesa Vivendi. A companhia atende cerca de 7,6 milhões de pessoas com água tratada e 3,2 milhões com o serviço de coleta e tratamento de esgoto em 342 municípios do Paraná.

A pretensão anunciada pela multinacional francesa Vivendi de sair do ramo de saneamento não preocupa a diretoria da Sanepar. Entre os três diretores indicados pelo consórcio Dominó, um deles é da Vivendi. Se a Vivendi vier a sair do consórcio, vendendo participação aos outros acionistas ou a um novo sócio, não acarretaria mudanças operacionais na Sanepar, avalia a diretoria de relações com investidores. O governador eleito Roberto Requião já anunciou que pretende retomar para o Estado a parcela de capital privado da empresa.

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