Em mais um dia marcado por ingressos de recursos, o dólar desabou ontem para a menor cotação desde 12 de setembro. A moeda norte-americana terminou negociada a R$ 3,15 para compra e R$ 3,155 para venda, queda de 2,11% em relação ao fechamento de sexta-feira. Durante o dia, a divisa oscilou entre a cotação mínima de R$ 3,149 e a máxima de R$ 3,2198.
São Paulo – Após sete sessões consecutivas de otimismo, analistas do mercado não chegam a um consenso sobre a duração do movimento de baixa da moeda norte-americana, que já se desvalorizou quase 6% neste mês. A euforia interna, que se traduziu ontem na forte queda do risco Brasil e na disparada dos títulos da dívida externa do país, foi amplificada pelos ganhos dos principais mercados acionários mundiais. A animação das bolsas externas cresceu com o avanço das tropas norte-americanas sobre Bagdá, o que aumenta as expectativas de que o fim da guerra no Iraque esteja mais próximo.
“Houve fluxo positivo no mercado mas o estímulo externo também foi de grande importância para a queda do dólar. O C-Bond e o risco-País ajudaram bastante também”, citou Rodrigo Trotta, responsável pela área de câmbio do Banco Banif/Primus. Na tarde de ontem, o prêmio de risco Brasil medido pelo Banco JP Morgan caiu abaixo de 900 pontos-básicos sobre os títulos do tesouro norte-americano, o menor patamar desde meados de maio passado. O C-Bond, título da dívida externa brasileira mais negociado no exterior, era negociado a 83,875% do valor de face, maior nível dos últimos cinco anos.
Um operador de câmbio de uma grande corretora disse em São Paulo que o mercado está dividido em relação ao futuro do câmbio. “Eu conversei com vários bancos e uns dizem que o dólar vem abaixo de R$ 3 e outros dizem que está em um patamar de compra e que a euforia vai acabar. Como o mercado está bem dividido, eu diria que ninguém sabe de nada”, disse.
Indústria
Se o mercado está otimista, o mesmo não acontece com a indústria. Dados preliminares da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostram que o empresariado industrial está menos otimista no segundo trimestre de 2003 em relação aos negócios. Os dados são referentes às informações de 404 empresas, um terço do universo de 1.200 companhias que participam da pesquisa. Essas empresas respondem por um total de vendas de R$ 63,9 milhões, dos quais 28,5% são destinados à exportação, e empregam 297.895 trabalhadores.
Segundo a sondagem, para 18% das empresas consultadas, a situação atual dos negócios é boa, enquanto 25% consideram o cenário fraco. Isso, de acordo com o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Aloísio Campelo, representa uma saldo de respostas de menos 7 pontos porcentuais.