O dólar devolveu os ganhos mais expressivos na parte da tarde desta terça-feira (16) em relação ao real, depois que o Banco Central aceitou apenas duas propostas no leilão de compra que fez no mercado à vista por volta das 15 horas – segundo operadores – e depois que as bolsas de valores de Nova York diminuíram as quedas. O dólar comercial terminou o dia estável, a R$ 1,815. No pregão viva-voz da Bolsa de Mercadorias & Futuros, o dólar negociado à vista subiu 0,03%, a R$ 1,8145. Na maior cotação do dia, a moeda foi transacionada a R$ 1,832, em ambos os mercados.
De acordo com o operador da tesouraria de um banco em São Paulo, o pouco apetite do BC no leilão de compra foi o sinal para que os participantes do mercado vendessem os dólares comprados antes. "Mais cedo, sustentados pelo cenário externo desfavorável muitos agentes compraram moeda para vender para o BC. Mas a autoridade monetária não aceitou muitas propostas e eles precisaram zerar suas posições", disse.
O BC pagou R$ 1,8227 para comprar dólares em leilão encerrado às 14h59. De acordo com operadores, foram aceitas apenas duas propostas de dois bancos, entre as 12 ofertas divulgadas por oito bancos, que variaram de R$ 1,8224 a R$ 1,8260. As outras nove instituições financeiras que participaram da operação não informaram suas propostas.
A impressão de uma atuação tímida por parte do BC combinada com a redução das perdas dos índices acionários em Nova York enfraqueceram a trajetória de alta da moeda norte-americana em relação ao real. Em Wall Street, por volta das 16h30 (de Brasília), o Dow Jones cedia 0,33%. Nas mínimas, o Dow Jones chegou a cair 0,76%.
Crise imobiliária
Na primeira etapa, declarações de ontem do presidente do banco central dos EUA, Ben Bernanke, e a nova disparada dos preços do petróleo minaram o clima no mercado internacional, já receoso com a série de balanços do setor financeiro agendada para esta semana nos Estados Unidos, que devem mostrar os eventuais impactos da crise do setor de crédito imobiliário de alto risco naquele país.
Ontem à noite, Bernanke, disse que "o aprofundamento da contração no mercado imobiliário deve ser um obstáculo significativo ao crescimento no atual trimestre e durante o começo do ano que vem". O presidente do BC americano afirmou que a inadimplência nas hipotecas de alto risco deve aumentar ainda mais.
Petróleo
No mercado de petróleo, o preço da commodity foi até US$ 88,20 o barril em Nova York, renovando o recorde estabelecido ontem, na esteira da possível ação militar turca no norte do Iraque para conter os separatistas curdos.
Na avaliação do operador de câmbio de uma corretora em São Paulo a persistência do avanço nos preços do petróleo tem sido um importante suporte para o viés desfavorável no exterior, que vem amparando a seqüência de altas do dólar frente ao real. "A manutenção da alta da commodity voltou a gerar preocupações com o impacto disso sobre a inflação nos EUA, esfriando as expectativas otimistas de novo corte de juro naquele país ", afirmou.