Pelo terceiro dia seguido, a moeda norte-americana fechou em alta em relação ao real. O dólar comercial, negociado no mercado interbancário, subiu 0,36% e terminou o dia cotado a R$ 1,952. No pregão viva-voz da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar negociado à vista avançou 0,44%, para R$ 1,953.
Nesses três dias, o dólar acumulou apreciação de 2,47% (dólar comercial) e de 2,79% (dólar à vista na BM&F) sobre o real, após ter registrado queda de 5,4% em maio. A correção do dólar está sendo sustentada pela realização de lucros nas Bolsas em Nova York e São Paulo. Os investidores reforçam as vendas de ações e as compras de dólares por causa do aumento da preocupação com a inflação e os juros nos Estados Unidos.
"A forte queda do dólar na sexta-feira passada ao menor patamar em sete anos criou oportunidade de negócios. Além disso, com a previsão de corte da taxa Selic (taxa básica de juros, atualmente em 12,50% ao ano) hoje em 0,50 ponto porcentual, também houve muito interesse por operações casadas de dólar à vista com dólar futuro, além de operações de arbitragens", justificou um operador.
A correção dos mercados começou após o alerta do ex-presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) Alan Greenspan sobre o risco de queda das Bolsas na China. Depois, os indicadores norte-americanos que vêm sendo divulgados elevam a percepção positiva sobre a economia do País, o que pode levar o Fed a aumentar o juro básico do país antes do previsto pelo mercado.
O dado que induziu hoje novas vendas de ações e ajustes na taxa de câmbio no mercado doméstico foi o aumento superior ao previsto no custo da mão-de-obra norte-americana no primeiro trimestre. O custo foi revisado para aumento de 1,8% no primeiro trimestre, acima da elevação de 0,6% calculada anteriormente e de 1,5% esperada pelos economistas.
Antes do dado, a dirigente regional do Federal Reserve Bank de Cleveland, Sandra Pianalto, já havia afirmado, em conferência na Alemanha, que a inflação tem estado em patamares superiores aos que considera confortáveis e identificou os preços de energia e das commodities como possíveis ameaças à estabilidade dos preços. Ela disse haver risco de as expectativas para a inflação moverem-se em alta.
Internamente, o dólar renovou as cotações máximas do dia antes do leilão de compra da moeda pelo Banco Central, à tarde. No leilão, o BC pagou taxa de corte de R$ 1,964. Segundo um operador, foram aceitas três propostas, de três bancos. Foram apresentadas 12 propostas com taxas que iam de R$ 1,963 a R$ 1 966. Nove instituições não informaram as taxas apresentadas. Após a operação, as cotações à vista desaceleraram.