A desvalorização de quase 25% do real na comparação com o dólar começa a alterar os planos de férias dos brasileiros. Dados do Banco Central mostram que os gastos dos turistas caíram 20,8% em agosto na comparação com o visto em igual período do ano passado. Números preliminares de setembro indicam a continuidade da tendência neste mês.

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“O principal impacto da desvalorização do real em um ano aparece na conta de viagens. A desvalorização tende a torná-la mais cara, o que geralmente faz com que o turista adie a viagem, reduza os gastos pretendidos ou até mesmo cancele”, diz o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha.

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Em agosto de 2017, o preço médio do dólar foi de R$ 3,15. Um ano depois, em agosto de 2018, o valor da moeda saltou para R$ 3,93.

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Com o dólar mais caro, brasileiros no exterior gastaram US$ 1,382 bilhão no mês passado. O valor é 20,8% inferior aos US$ 1,745 bilhão observados em igual período de 2017. Essa foi a maior queda anual desde maio de 2016.

Dados preliminares de setembro indicam que as despesas de brasileiros somaram US$ 796 milhões nos 20 primeiros dias do mês. “Mantido esse ritmo, o déficit da conta de viagens será menor que o visto em agosto e também inferior ao de setembro de 2017”, disse Rocha.

Em setembro do ano passado, a conta de viagens ficou negativa em US$ 1,309 bilhão – cifra de gastos que superou as receitas obtidas com estrangeiros em passeios no Brasil. Nos 20 primeiros dias de setembro de 2018, a conta está negativa de US$ 557 milhões.

Lucros

Rocha também chamou atenção para o impacto do dólar caro sobre as remessas de lucros das empresas estrangeiras instaladas no Brasil. “A desvalorização do câmbio reduz o montante em dólares da remessa de lucro ou eventualmente pode adiar de forma pontual o envio à sede”, disse.

O dado parcial de setembro indica que a remessa de lucros somou US$ 1,325 bilhão nos 20 primeiros dias do mês. Já a conta de juros sinaliza despesa líquida de US$ 97 milhões no mesmo período do mês.