O dólar caiu quase 1% e fechou no menor valor desde junho de 2002. O Banco Central fez uma intervenção comprando moeda no mercado, mas a ação foi insuficiente para inibir o ritmo de queda. A moeda encerrou em baixa de 0,85%, vendida a R$ 2,667, mas chegou a recuar até 0,93%, negociada na cotação mínima do dia (R$ 2,665). O BC fez um leilão no meio da tarde e pagou taxa máxima de R$ 2,683, inferior à cotação do momento.
Segundo operadores, alguns bancos passaram a vender a moeda após a intervenção, porque as propostas dessas instituições foram rejeitadas no leilão, pois indicavam um valor acima da taxa fixada pelo BC.
Devido à redução dos negócios na véspera do feriado, esse movimento de venda dos bancos ajudou a acelerar o ritmo de baixa da cotação. O BC intervém no câmbio desde o último dia 6, quando pela primeira vez o dólar foi vendido abaixo dos R$ 2,70.
Exportadores defendem o dólar próximo de R$ 3 e cobram uma ação mais agressiva do BC no câmbio a fim de impedir que uma valorização maior do real prejudique as exportações. Mas o discurso oficial é de que o objetivo das compras é reforçar as reservas em moeda estrangeira do País, e não influenciar o rumo das cotações.
Pior aplicação
Nesta quarta-feira, a consultoria Economática divulgou que o dólar vai fechar 2004 como a pior aplicação do ano. A moeda americana já acumula uma queda de mais de 8%. No fim de 2003, custava R$ 2,902.
O recorde das exportações, o crescimento da economia brasileira acima do esperado e a tendência de desvalorização do dólar frente a outras moedas, como o euro e o iene, ajudam a explicar a baixa da moeda americana no Brasil.
No segundo semestre deste ano, agências de classificação de risco melhoraram a avaliação de risco ("rating") da dívida do Brasil. Com isso, o custo da tomada de empréstimos no exterior caiu para o governo e empresas – o que estimulou o ingresso de mais dólares no País.
Mas não foi um movimento exclusivo do País. Os investidores estrangeiros colocaram mais dinheiro nos papéis de países emergentes, após o início do processo de alta gradual dos juros nos EUA.
A crise política após a eclosão do caso Waldomiro chegou a impulsionar o dólar no primeiro semestre, bem como a recente disparada do petróleo.
Muitos analistas apostavam que a moeda fecharia o ano acima de R$ 3. Mas graças à melhora dos indicadores da economia, o governo Lula conseguiu colocar em segundo plano a repercussão dos estragos em sua base política no Congresso, tranqüilizando os investidores.
Também favoreceu uma maior entrada de dólares no País a retomada da alta dos juros pelo Banco Central neste semestre. Com os títulos públicos oferecendo retorno maior, os investidores estrangeiros são atraídos para aplicar seus recursos nos papéis do Tesouro brasileiro.
A economia cresceu neste ano, após ter vivido um ambiente de estagnação em 2003. Também foi estimulada pela retomada do consumo interno. Já o comércio exterior se beneficiou da valorização dos preços de produtos como soja, aço, minério de ferro e carnes. Os embarques foram principalmente para a China e EUA, locomotivas do crescimento da economia global.