Os desdobramentos dos eventos no Oriente Médio após ataques a instalações de petróleo na Arábia Saudita, que segunda-feira tiveram impacto limitado no mercado local de câmbio, nesta terça foram mais determinantes para as cotações. Pela manhã, a perspectiva dos efeitos dos ataques na atividade mundial e na inflação dos principais países fez o dólar subir e bater em R$ 4,11. Nos negócios da tarde, a moeda passou a cair e bateu mínimas com declarações do governo saudita minimizando os efeitos dos eventos na oferta da commodity. Após dois dias de alta, o dólar fechou a terça-feira em baixa de 0,29%, a R$ 4,0773.
Nos Estados Unidos, o dia foi marcado por mudanças nas apostas de investidores no mercado futuro sobre a decisão do Federal Reserve (Fed). Nas últimas semanas, a visão majoritária era de corte, mas nesta terça a possibilidade de manutenção ficou em primeiro lugar em alguns momentos da tarde.
Se as apostas do mercado financeiro para os juros tiveram mudanças, economistas continuam a prever corte de juros pelo Fed nesta quarta-feira. “A expectativa é de corte de juros amanhã (quarta)”, afirma a economista da Stifel, Lindsey Piegza. Ela acredita que os dirigentes vão reconhecer os crescentes riscos para o cenário econômico, mas vão manter uma avaliação positiva da economia americana.
Para o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello, se o Fed cortar juros, o efeito vai trazer algum alívio e ser positivo para o real, especialmente após as mudanças desta terça nas apostas no mercado futuro. Mas se houver manutenção das taxas, a decisão pode ser recebida com estresse, ressalta ele. O mercado financeiro internacional quer que os bancos centrais adotem estímulos extras para melhorar a atividade, observa o operador.
Na sessão desta terça, Faganello diz que pela manhã a visão de que a alta do petróleo pudesse comprometer os cortes de juros pelos BCs acabou estimulando a busca por proteção e a compra de dólar, mas a declaração do governo saudita acalmou os investidores. O ministro da Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, afirmou que o país restaurará em breve a maioria de sua produção de petróleo e se recuperará totalmente dentro de semanas.
Também contribuiu para a virada do dólar aqui a declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que pode fechar um acordo comercial com a China antes das eleições de novembro de 2020. No exterior, a moeda americana caiu fortemente ante divisas de países desenvolvidos, com o índice que mede este comportamento, o DXY, recuando 0,40%. Perante emergentes, o comportamento foi misto. A divisa americana subiu nos países exportadores de petróleo, como a Rússia, onde havia recuado na segunda, e caiu em pares do Brasil, como o México.