O dólar operou toda a quarta-feira em queda e chegou a recuar para R$ 4,10 na mínima do dia. A sinalização de que os juros vão ficar no nível atual nos Estados Unidos nos próximos meses, a abertura de capital bem sucedida da XP em Nova York e os dados de varejo contribuíram para retração da moeda americana, que também recuou ante outros emergentes, de acordo com operadores. O dólar à vista fechou em baixa de 0,72%, a R$ 4,1190.

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A quarta-feira era um dos dias mais aguardados da semana, por conta da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e do Banco Central. Como esperado, o Fed manteve os juros e sinalizou que não mexerá nas taxas no futuro próximo. O BC cortou a Selic em 0,50 ponto, para 4,5%, nova mínima histórica.

“O Fed está firme em manter os juros por agora”, afirma o economista do banco canadense CIBC Economics, Andrew Grantham. Para ele, mesmo que existam alguns dirigentes prevendo alta dos juros já em 2020, o número é pequeno. Na entrevista à imprensa após a reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou ainda que deseja ver “uma alta persistente na inflação”, antes de decidir por uma futura elevação nos juros. Durante a entrevista de Powell, o dólar ampliou o ritmo de queda aqui, voltando para a casa dos R$ 4,11.

Desde o início dos negócios, o sucesso da abertura de capital da XP em Nova York, com a ação abrindo em alta de 21% na Nasdaq, ajudou a manter o dólar em queda. A perspectiva é que a operação deve trazer recursos externos ao país. O fundador e CEO da XP Inc, Guilherme Benchimol, disse hoje a jornalistas em Nova York que os US$ 2,2 bilhões da oferta serão investidos no Brasil.

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Logo de manhã, a divulgação de dados das vendas no varejo de outubro ajudaram a estimular as vendas de dólares, com a visão de que eram mais um número a mostrar avanço da recuperação da economia. “Os dados vieram sólidos, e a economia está no caminho para mais um trimestre sólido”, afirma o economista para América Latina da Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia.

Em meio aos recentes indicadores positivos, o BTG Pactual divulgou hoje revisão para cima na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 2020, de 2,3% para 2,5%. Com esse cenário mais benigno, o banco vê chance de o real ficar mais apreciado no ano que vem, a R$ 4,10 em dezembro. Para o encerramento de 2019, a previsão é de dólar a R$ 4,15. Os estrategistas do BTG ressaltam que um limitador importante para a apreciação do real é a queda dos juros. Além de cortar a taxa hoje, o Banco Central pode fazer corte adicional em 2020, levando a Selic para 4%, na estimativa do BTG.

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