José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que “o câmbio desvalorizado só vai aumentar a exportação em 2014, porque o Brasil ficou muito fora do mercado de manufaturados”.

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A AEB não tem uma projeção fechada para 2014, mas Castro diz que pode haver um saldo positivo de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões, “com ajuda dos preços das commodities, que podem parar de cair”.

A projeção da AEB é de déficit comercial em 2013 de US$ 2 bilhões, com exportações de US$ 230,511 bilhões e importações de US$ 232,5 bilhões. Em 2012, o Brasil exportou US$ 242,580 bilhões e importou US$ 223,149 bilhões, com saldo positivo de US$ 19,431 bilhões.

Para Castro, os anos de câmbio valorizado limitaram muito a exportação de manufaturados brasileiros, que hoje acontecem em boa parte em operações “intercompany”, e espaços foram ocupados por concorrentes de outros países.

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Castro considera que um câmbio a R$ 2,30 traz a competitividade de volta para 50% dos exportadores de manufaturados, mas ressalva que há várias etapas antes de isso se refletir em aumento significativo de exportações. “O exportador tem que ter certeza de que o câmbio vai se manter desvalorizado, para então vender, produzir e entregar – isso é algo que só vai ter reflexo em 2014”, analisa.

Segundo Castro, “50% dos exportadores ficam competitivos com câmbio a R$ 2,30, 60% com R$ 2,40, 80% com R$ 2,50 e 100% com R$ 2,60”.

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O presidente da AEB não se impressiona com notícias de aumento de exportações em alguns setores, como calçados. “US$ 20 milhões ou US$ 30 milhões a mais não fazem diferença num total exportado de US$ 800 milhões”, pondera.

Para Castro, o efeito do câmbio na redução das importações, porém, é mais rápido e pode se fazer sentir neste ano. Ele lembra que a alta do dólar se combinou com as manifestações de junho e a queda de confiança de empresários e consumidores, o que deve ter impacto nas encomendas das empresas para o fim do ano.

Castro nota ainda que o efeito da desvalorização do câmbio só atinge os manufaturados, que estima serem responsáveis por 30% a 33% das exportações brasileiras (estes números colocam produtos como açúcar, suco de laranja e etanol como commodities, e não como produtos industrializados, como ocorre nas estatísticas oficiais).

O presidente da AEB observa que uma reação maior do saldo comercial brasileiro implica também uma reversão da tendência do número de empresas exportadoras e importadoras ao longo dos últimos anos. De 2006 a 2012, as empresas exportadoras caíram de 20.591 para 18.630, enquanto as empresas importadoras quase dobraram entre 2004 e 2012, de 22.410 para 42.458. Ele usou o ano inicial de 2006, no caso das empresas exportadoras, porque houve uma mudança na metodologia de contabilização nesse ano.