Dólar alto deve reduzir importação de peças, diz Anfavea

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, reconheceu nesta terça-feira, 14, que, com o dólar em torno de R$ 2,50, a tendência é de um movimento de nacionalização das peças do setor automotivo, independentemente do Inovar Auto, o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores que visa elevar os investimentos na indústria automobilística por meio de benefícios em relação ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A declaração foi dada durante palestra de abertura do Congresso Perspectivas 2015, promovido pela Autodata.

Moan defendeu que o setor precisa de um câmbio competitivo, “embora ninguém saiba o tamanho”. Ele ponderou que é preciso fazer uma análise qualitativa do dólar, levando em conta o efeito da inflação, para avaliar qual o nível ideal do câmbio para melhorar a competitividade do setor brasileiro no mercado mundial. “Em 2005, o setor exportou 900 mil veículos, com taxa de câmbio em torno de R$ 2,50”, citou.

O presidente da Anfavea voltou a destacar ainda que a indústria automobilística busca outros mercados exportadores para evitar dependência da Argentina. Além da Colômbia, cujo acordo de redução de tarifas deve ser fechado até o fim do ano, ele lembrou que o setor pretende “melhorar” o acordo que tem hoje como o Uruguai e “refazer” o acordo com o México.

Expansão

O presidente da Anfavea avalia que se o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil se mantiver em 3%, “o que não é nada extraordinário”, o tamanho do mercado automotivo deverá chegar a 6,9 milhões de unidades nos próximos 20 anos. Essa prejeção, disse, é uma das principais justificativas para os R$ 77 bilhões de investimentos no setor entre 2012 e 2018. Moan adiantou ainda que, até 2034, devem vir entre R$ 80 bilhões e R$ 100 bilhões em novos investimentos para o setor. Moan participou, nesta terça-feira, do Congresso Perspectivas 2015, promovido pela Autodata na capital paulista.

Novo governo

Independentemente de quem for o novo presidente, o setor automotivo não deve ser comprometido, na avaliação de Moan. Isso porque, segundo ele, a indústria automobilística tem um peso específico “bastante forte” na economia brasileira. Ele lembrou que, apenas como cadeia produtiva, o setor é responsável atualmente por quase um quarto da indústria brasileira, o que representa quase 5% do Produto Interno Bruto (PIB). Se agregada a cadeia pós-venda, Moan lembra que essa participação é ainda maior. De acordo com ele, a indústria de automóveis é responsável, sozinha, por 12% da arrecadação tributária do governo.

“Além disso, temos um peso específico bastante grande na geração de empregos”, acrescentou. O presidente da Anfavea evitou tecer comentários diretos acerca dos dois candidatos que disputam o segundo turno, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB), destacando apenas que qualquer um dos dois terá de fazer “alguns ajustes”. “Isso já é consenso”, disse.

Ele afirmou ainda que o setor trabalha junto ao governo para anunciar o mais rápido possível as condições do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social (BNDES). “Pelas conversações que tivemos, acho que não vamos ter problemas (de parar por falta de recursos do banco, como nesse ano) e que vamos começar o ano que vem basicamente com as mesmas condições (de 2014)”, comentou.

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