Como previam analistas, o dólar manteve a trajetória de queda assumida após o anúncio do futuro presidente do Banco Central, após os negócios de quinta-feira. A moeda encerrou o dia de ontem em queda de 0,69%, cotada a R$ 3,575 para venda e R$ 3,57 para compra, o menor valor desde os R$ 3,545 de 25 de novembro.
A reversão de tendência ganhou bases na semana passada, quando o PT anunciou o nome do ex-presidente do BankBoston, Henrique Meirelles, para presidir o Banco Central.
No cenário financeiro, a captação de recursos externos pelo Bradesco e pelo Itaú, que começaram a entrar no mercado esta semana, ilustrou a melhora da situação.
Além disso, segundo operadores, as dívidas que vencem em dezembro se concentraram nas duas primeiras semanas.
Mesmo para os vencimentos dos próximos dias, a maior parte das empresas já teria se antecipado e comprado os dólares necessários para quitar os pagamentos.
Tendência
Com isso, o dólar acumulou ontem sua terceira queda consecutiva, e deve manter a tendência até o fim do ano, chegando a R$ 3,50 – ainda há mais oito dias de negócios.
O nome de Meirelles, após um atrito inicial devido à sua pouca experiência em operações de mercado, em detrimento ao seu currículo como administrador, tem consolidado as expectativas otimistas em relação ao governo que assume em janeiro e à manutenção dos compromissos feitos durante a campanha.
No mercado externo, onde Meirelles atuou por oito anos, o efeito foi ainda mais forte, e o risco-país brasileiro recuou para seu menor nível em seis meses. Ontem o indicador, em um movimento técnico, registra um discreto avanço de 0,33% e operou a 1.491 pontos.
O mercado também se prepara para um novo aumento de juros hoje, o que deve deixar a remuneração dos títulos públicos mais atraentes. O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) está reunido deste ontem para decidir se aumenta os juros, hoje em 22% ao ano, para conter a inflação. A expectativa média é de uma elevação de dois pontos percentuais.
Para completar o ambiente de calmaria, o BC leiloou ontem ao mercado mais US$ 100 milhões em linhas externas, perfazendo um total de US$ 1,076 bilhão vendidos temporariamente aos bancos como “”hedge” (proteção cambial) para a virada do ano.