São Paulo
– O dólar comercial teve ontem sua quarta queda consecutiva e já acumula desvalorização de 11,24% em agosto. A moeda americana terminou o dia valendo R$ 3,08 na compra e R$ 3,07 na venda, com baixa de 0,48%. A quarta-feira foi tranqüila, com os investidores otimistas com as definições no cenário econômico. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) aproveitou o clima mais ameno e finalmente conseguiu fechar em alta, subindo 1,88%, com R$ 604,4 milhões em negócios. Os títulos da dívida externa brasileira se valorizaram e o risco-país teve forte queda durante todo o dia, colaborando para a melhora do humor dos investidores. No fim do dia, o indicador tinha 1.890 pontos-base, com baixa de 6,30%. A liberação de US$ 2 bilhões do Banco Central para financiar o setor exportador e a negociação de Armínio Fraga (presidente do BC) e Pedro Malan (ministro da Fazenda) com bancos internacionais para a reabertura do crédito às empresas ainda foram os fatores determinantes da queda do dólar. Mas a decisão do Copom de manter os juros básicos estáveis, com viés de baixa, foi bem recebida.Segundo analistas, o dólar não caiu mais porque ainda há boa demanda pela moeda, por parte de empresas com vencimentos no exterior. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), os juros futuros se ajustaram para baixo, com a expectativa de que o BC reduza os juros antes da próxima reunião do Copom.
“Fazia tempo que o dólar não conseguia manter um patamar de taxa, no qual as cotações oscilam em um intervalo não muito grande. Hoje (ontem) foi um dia positivo, com boa repercussão das ações do governo, não só na liberação de recursos ao setor exportador, mas também para restabelecer o crédito junto aos bancos”, disse Carlos Alberto Abdala, da corretora Souza Barros.
Abdala disse que a tendência no mercado é de queda e que por isso os investidores tendem a receber o noticiário de maneira favorável. Assim, o empenho do governo para resolver alguns dos problemas da economia tem maior efeito. “Duro é brigar com o mercado quando ele quer algo diferente”, disse. Abdala afirma que a moeda só não caiu abaixo dos R$ 3,00 porque muitas operações de compra represadas nos últimos dias surgem quando o dólar atinge quedas mais significativas. Mais o rompimento desse patamar pode acontecer à medida que cheguem às empresas os recursos do BC.
O cenário político rendeu poucas notícias ontem. O tom mais moderado dos candidatos de oposição reduziu a volatilidade no mercado. Investidores esperam as próximas pesquisas eleitorais para ver se o tucano José Serra transforma sua vantagem nos programas eleitorais em votos para o segundo turno. Analistas consideram mínima essa possibilidade.